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Banco congela salários mas dá milhões a executivo

Linha fina
Santander é generoso com a cúpula e, ao mesmo tempo, nega reajustes a bancários na Espanha
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São Paulo – Os trabalhadores do Santander na Espanha estão pagando pela crise que atinge o país. Durante o XXII Convênio Coletivo de Banco, a entidade patronal AEB negou-se a oferecer qualquer reajuste salarial e a assumir o compromisso de manter empregos. A postura intransigente dos banqueiros fez com que, após oito meses de tentativas frustradas, os representantes dos bancários abandonassem a mesa de negociação.

Ao mesmo tempo em que arrocha salários e aposta em demissões de trabalhadores, instituições como o Santander continuam sendo mãe generosa para seus executivos.

O banco espanhol pagou indenização escandalosa para o ex-conselheiro e diretor geral da Divisão América do banco – que inclui os países em que o Santander atua no continente, exceto o Brasil –, Francisco Luzón. Após 15 anos, Luzón saiu do grupo com a astronômica quantia de 66 milhões de euros: 55 milhões segundo o informe do banco em 2010, acrescidos de 10 milhões este ano, sob a rubrica “outros seguros”.

Com esse montante, que corresponde em reais a quase 150 milhões, daria para o banco acrescentar cerca de 500 euros (R$ 1.135) ao salário de cada um dos 120 mil bancários na Espanha.

Por outro lado, os bancos na Espanha, entre eles o Santander, negam-se a atender às reivindicações dos trabalhadores que são, entre outras, reajuste salarial, acordo de quatro anos prevendo estabilidade no emprego, ou seja, dispensas somente através da adoção de um programa de demissões voluntárias, plano de carreira, medidas que possibilitem a conciliação entre trabalho e vida pessoal e um capítulo específico no acordo para tratar de igualdade de oportunidades.

Ao invés do diálogo, os banqueiros insistem no congelamento total dos salários para 2011 e 2012, propondo reajuste de não mais do que 1% para 2013 e 2014, na eliminação dos triênios e da ascensão por tempo de empresa (ATS) e na ampliação da mobilidade geográfica dos trabalhadores, ou seja, maior facilidade para transferir funcionários.

“É revoltante o pagamento de indenizações vergonhosas para a cúpula enquanto se propõe o congelamento salarial dos trabalhadores. Nós, funcionários do banco no Brasil, manifestamos nossa solidariedade aos bancários espanhóis e nossa indignação com o tratamento dispensado aos trabalhadores, que são os responsáveis pela grandeza e lucro da empresa”, denuncia a diretora executiva do Sindicato e funcionária do Santander Rita Berlofa.

A dirigente ressalta, ainda, que o ônus da crise econômica não pode recair sobre os trabalhadores. “A crise, que começou nos Estados Unidos e chegou à Europa, é originária na gestão irresponsável do sistema financeiro pelos seus executivos, e foi pautada pela ganância do lucro rápido e a qualquer preço. Agora, esses mesmos executivos são premiados com altas bonificações enquanto ao trabalhador é negado o reajuste salarial ou, quando não, tirado seu emprego. Isso é no mínimo desumano.”


Andréa Ponte Souza - 23/1/2012

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