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Após 5 anos, Sindicato questiona SA 8000

Linha fina
Bancários avaliam que práticas do Bradesco que não condizem com selo internacional que trata da responsabilidade social, como a garantia da saúde, segurança e de livre associação e organização
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São Paulo - A certificação SA 8000, norma internacional que certifica empresas compromissadas com a responsabilidade social, é incoerente com algumas práticas constatadas no banco Bradesco. Enquanto a norma prevê uma série de requisitos que respeitem o trabalhador e a sua liberdade de organização, no Bradesco persistem as denúncias de assédio moral, perseguição ao funcionário que denuncia irregularidades na SA 8000, segundo denúncia dos bancários, além do bloqueio à atuação do Sindicato no local de trabalho, entre outras ações.

Essa foi a principal argumentação apresentada pelos dirigentes sindicais ao auditor externo responsável no Brasil pela SA 8000, durante reunião na segunda-feira 28. Desde quando o Bradesco foi certificado, em 2008, a auditoria realiza reuniões semestrais com o Sindicato. Isso porque, desde o início, os representantes dos trabalhadores apontam algumas incoerências entre o que exige a norma e a prática diária da empresa.

> Sindicato questiona certificação recebida pelo Bradesco

“Apresentamos várias inconformidades ao auditor, como o caso de demissão após o funcionário denunciar o seu gestor de assédio moral. Em alguns casos, graças à atuação do Sindicato, conseguimos reintegrar os trabalhadores demitidos injustamente”, conta Sandra Regina, diretora do Sindicato e funcionária do Bradesco.

Segundo a dirigente, diversos bancários e funcionários terceirizados não acreditam na validação da SA 8000 devido, principalmente, a falta de retorno ou solução das denúncias, reclamações e sugestões. “Os funcionários reclamam que sempre vem uma resposta padrão e, na maioria dos casos, não são resolvidos os problemas relatados”, explica, ao exemplificar o episódio das cadeiras quebradas na matriz do setor de Cartões do Bradesco, na Cidade de Deus.

> Problemas continuam no setor de Cartões do Bradesco

Na ocasião, os trabalhadores, segundo a dirigente, fizeram várias reclamações pela SA 8000 e nada foi solucionado. “Graças ao Sindicato, que reivindicou reuniões e fez matérias na Folha Bancária e no site, os funcionários agora têm novas cadeiras no departamento”, ressalta. “Esse é apenas um dos vários exemplos de falta de condições de trabalho. Há outros casos, como falta de portas de segurança em agências, entre outros problemas”, acrescenta.

RTs – “Queremos perguntar ao banco o que de fato melhorou nas relações e condições de trabalho nestes cinco anos de certificação SA 8000”, reivindicou Sandra, ao avaliar que poucas coisas avançaram nesse período.

De acordo com a dirigente, em vez de a direção do Bradesco aprimorar e melhorar o que está previsto na norma, vai certificar 307 agências, ainda mais com o agravante de que não serão feitas eleições de representantes dos trabalhadores (RTs) para o local de trabalho, no caso, as agências.

“O Sindicato questionou o auditor sobre essa atitude, pois os atuais RTs nas agências serão os mesmos das concentrações. Eles não sabem a rotina das unidades, apenas dos departamentos. Já são responsáveis pelos prédios e vão ficar agora responsáveis também por várias agências?”, questionou Sandra, apontando, mais uma vez, uma incoerência entre a teoria prevista na certificação SA 8000 e a prática cotidiana do banco.

De acordo com a diretora, o Sindicato, há seis meses, sugeriu que os RTs fossem das regionais, uma vez que conhecem a rotina dos bancos e tem fácil acesso de locomoção caso precisem se deslocar à agência.

 “Apesar de reconhecermos que a norma SA 8000 pode contribuir para melhorar as condições no local de trabalho, deixamos sempre claro ao auditor que somos um Sindicato atuante e que representamos os bancários na base. Por isso, não deixaremos de apontar e denunciar todas as incoerências que enxergamos e vivenciamos no dia a dia.”


Tatiana Melim – 30/1/2013

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