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Leilão da Lotex foi adiado para 26 de março

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Certame estava marcado para 5 de fevereiro, e será a quarta tentativa de venda do governo. Hoje, grande parte dos recursos arrecadados são direcionados a programas sociais, com a privatização isso está ameaçado
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Arte: Fenae

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) adiou novamente o leilão da Lotex (Loteria Instantânea Exclusiva). O certame, previsto para 5 de fevereiro, foi remarcado para 26 de março. Os pedidos de esclarecimentos poderão ser realizados até 22 de fevereiro e as propostas serão entregues até 20 de março.

Será a quarta tentativa do governo para conceder a exploração da raspadinha à iniciativa privada. Um primeiro leilão chegou a ser agendado para julho, mas não houve propostas de empresas interessadas. A disputa, então, foi postergada para o final de novembro e, depois, para fevereiro deste ano.

Repasses sociais ameaçados

Boa parte dos recursos arrecadados pela Lotex são direcionados a programas sociais. Com a privatização, esses repasses estar~]ao ameaçados. Conforme dados do banco, de 2011 a 2016, as loterias arrecadaram R$ 60 bilhões, dos quais R$ 27 bilhões foram destinados para financiamento de projetos em áreas como cultura, esporte, bolsa de estudo e segurança pública. 

Em 2017, as loterias Caixa registraram, de forma global, arrecadação próxima a R$ 14 bilhões. Desse montante quase metade (48%) foi destinado aos programas sociais. Se a venda for efetivada, o montante deverá ser reduzido drasticamente, já que o leilão prevê repasse social de apenas 16,7%. 

“Com a venda da Lotex, quem perde são os brasileiros. Por isso que nós, das entidades representativas dos empregados da Caixa, estamos constantemente lutando para impedir a privatização da loteria instantânea e o fatiamento do banco público. A redução da Caixa é inadmissível e deve ser combatida pela sociedade porque a Caixa, diferentemente dos bancos privados, não realiza apenas serviços bancários. A Caixa, sobretudo, pratica a inclusão social ao financiar o desenvolvimento do país. E a Lotex é um exemplo disso”, diz a dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vivian Sá.

“A venda da Lotex abre forte precedente para a entrega de outros setores das loterias e da própria Caixa”, afirma o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) , Jair Pedro Ferreira. E reforça: “Representa uma ameaça aos repasses sociais feitos pelas Loterias da Caixa.”

“É inadmissível que o governo federal venda esse patrimônio dos brasileiros. A mobilização dos trabalhadores e do movimento sindical conseguiu barrar a última tentativa da gestão Temer de entregar as loterias. Estamos novamente mobilizados para evitar a concretização dessa venda, agora sob o governo neoliberal e entreguista de Bolsonaro”, diz o secretário de Finanças da Contraf-CUT e vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

A preço de banana

Na primeira tentativa de venda da concessão, em julho, a expectativa do governo era de um lance mínimo de 1 bilhão de reais. Pelo edital atual, a expectativa do BNDES é arrecadar com a outorga pelo menos R$ 642 milhões em três anos, com prazo de concessão de 15 anos.

Segundo informações divulgadas pela imprensa, há ao menos dois interessados: a empresa norte-americana Scientific Games International (SGI) e a inglesa International Game Technology (IGT, adquirida em 2015 pela Gtech), ambas já atuantes no mercado de jogos.
 

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