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Chapéu
Renovação

Sindicato dos artistas e técnicos tem nova diretoria

Linha fina
Após 32 anos, categoria tem novos representantes que assumem a entidade com a missão de unir profissionais em conjuntura política crítica para o país
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Fotos: Claudinho Irennio/ Sated-SP

São Paulo – O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo (Sated-SP) tem, após 32 anos, uma nova direção. A renovação foi marcada por um grande espetáculo na noite de segunda-feira, 5, quando artistas de diversas áreas ocuparam a quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista, com apresentações.

“Assumimos o sindicato dentro de um cenário político no mínimo muito estranho”, disse o novo presidente do Sated, Dorberto Carvalho. “Para quem viveu o golpe de 1964, para quem viveu os anos 1980, é muito estranho ver a retomada de forças retrógradas e de uma direita raivosa que parece ter saído dos bueiros para tomar a cidade com ódio, pregando a violência e a censura”, completou.

A liberdade de ação artística e a luta contra o ultraconservadorismo que vem tomando forma mais aparente na sociedade marcaram diferentes apresentações. A cerimônia de posse começou com uma apresentação da cantora e pianista Cida Moreira, que escolheu o tango Youkali, de Kurt Well, para a ocasião. “Escolhi essa música porque ela fala de um país imaginário, onde existe justiça, cooperação, prazeres e onde as pessoas se entendem”, disse a artista.

Como mestres de cerimônia, a atriz Luaa Gabanini e o veterano ator Sérgio Mamberti. “Neste momento, diante de uma reforma trabalhista tão demolidora de direitos, da proximidade de uma reforma da Previdência, de um governo ilegal e absolutamente sem representação popular, não eleito pelo voto, precisamos reunir a categoria em torno do sindicato. Esse é um momento de fortalecimento dos trabalhadores da cultura. Temos o dever de estarmos juntos com outros sindicatos por um Brasil melhor e mais justo”, disse Mamberti.

Tal compromisso foi reafirmado em discurso pelo novo presidente. “Todos temos noção da responsabilidade que o momento político pede. Esse sindicato só vai conseguir fazer a defesa dos artistas e técnicos e vai conseguir defender as liberdades democráticas, políticas e individuais de um Estado democrático de Direito, se todos nós estivermos reunidos dentro do sindicato”, pontuou Carvalho.

“O Brasil vive um processo de perseguição ao sindicalismo. Os golpistas nos têm como inimigos. Eles querem acabar com a possibilidade dos trabalhadores se organizarem em sindicatos para lutar pelos seus direitos. É por isso que deram o golpe, para impor uma lógica onde não cabe o sindicato, para que estejamos fora, em um modelo que sirva apenas ao mercado e ao capital”, defendeu o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Representatividade e ação  A falta de representatividade durante os 32 anos em que o sindicato ficou nas mãos de apenas uma pessoa acabou sendo foco de críticas veladas. “Estou esperançosa com uma nova história, precisamos viabilizar mudanças”, disse a atriz Letícia Mortoleto.

“Depois de muitos anos distante da presença que é o teatro, que tenhamos um sindicato forte o suficiente para trabalharmos em conjunto neste momento de crises e golpes. O teatro sempre foi fundamental para pensar a vida e essa direção está ligada a esse fogo”, disse a integrante do Teatro Oficina Camila Mota.

Já a diretora da Invasores Companhia Experimental de Teatro Negro, Dirce dos Santos, afirmou “contente com a mudança. É um momento importante para tal, vamos em frente”.

Segundo Carvalho, existem ações imediatas para dar início às mudanças. “Temos muitos problemas e lutas pela frente. Temos novas profissões. A categoria nem se conhece, temos muitas categorias dentro de outras. Contadores de histórias, djs, companheiros que montam treliças. Esse fato aumenta nossa responsabilidade de darmos atenção para cada setor.”

 

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