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Chapéu
Caged

Bancos criaram apenas 6 postos de trabalho em janeiro

Linha fina
Setor mais lucrativo da sociedade continua demitindo quem ganha mais para contratar novos funcionários com salários mais baixos
Imagem Destaque
Montagem: Linton Publio

O setor bancário, o mais lucrativo da economia brasileira, criou 6 (isso mesmo, seis) postos de trabalho em janeiro de 2018, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pelo Ministério da Economia.

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Em 2018, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander lucraram R$ 73,2 bilhões, aumento de 12,8% em relação a 2017, quando eles lucraram R$ 65 bilhões. A Caixa, que completa o grupo dos cinco maiores bancos do país, ainda não divulgou seu resultado do ano passado.  

“Mesmo lucrando tanto, os bancos continuam se negando a gerar empregos para reduzir o quadro de 12 milhões de pessoas desocupadas. A criação de vagas, além de uma contrapartida para a sociedade da qual ganham tanto dinheiro, é necessária, pois resulta em um atendimento mais eficiente à população e diminui a evidente sobrecarga de trabalho nessas empresas onde o assédio moral para o cumprimento de metas abusivas é a regra”, afirma Marta Soares, secretária executiva do Sindicato e bancária do Itaú.

Além da geração pífia de postos de trabalho, os bancos seguem lucrando com a rotatividade – demissão de bancários que ganham mais e contratação de funcionários com salários mais baixos.

Em janeiro, o salário médio dos demitidos equivalia a R$ 6.318, enquanto a remuneração média dos admitidos corresponde a R$ 4.938. Isso significa que os novos funcionários foram contratados ganhando 22% menos do que os demitidos.

“Uma constatação que a meritocracia propagada pelos bancos é só da boca para fora. Essas empresas cobram qualificação e cumprimento de metas inatingíveis para a promoção, mas que no final resultará em demissão quando esses trabalhadores passam a ganhar mais”, denuncia Marta.

Desigualdade de gênero persiste

Entre os gêneros, a desigualdade também persiste e aumentou. Em janeiro as mulheres foram contratadas ganhando em média R$ 4.428, 17% menos do que os homens admitidos (R$ 5.347). As demitidas ganhavam em média R$ 5.560, 21% menos do que os dispensados (R$ 7.038).

“Não há justificativa para essa desigualdade de salário que não seja a discriminação, já que as bancárias têm mais anos de escolaridade do que os bancários, segundo o Censo da Diversidade 2014”, afirma Marta.

Na última Campanha Nacional Unificada dos Bancários, no ano passado, a categoria conquistou a realização de um novo Censo da Diversidade, que deve iniciar este ano. O censo é uma ferramenta importante no combate às desigualdades de gênero e raça no setor bancário e para a promoção de políticas de igualdade de oportunidades para mulheres, PCDs (pessoas com deficiência) e negros. 

Sobrecarga aumenta

A eliminação de postos de trabalho é ainda mais injustificável se a relação clientes por empregado for considerada. Em dezembro de 2017, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander tinham em média 820 clientes por empregado. Um ano depois, essa relação aumentou 3,3%, para 847 clientes por empregado. Os dados são das demonstrações contábeis das instituições.

“O aumento considerável da lucratividade é fruto direto do cumprimento de metas abusivas. Essa exigência, aliada à sobrecarga de trabalho gerada pela redução de postos de trabalho, leva à epidemia de doenças psicossomáticas e por esforço repetitivo observadas na categoria bancária”, afirma Marta, acrescentando que por meio da ratificação da Convenção Coletiva de Trabalho, os bancos se comprometeram para que o monitoramento de resultados ocorra com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho, como determina a cláusula 53 da CCT.

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