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Chapéu
Após protesto

Povos do Jaraguá conquistam acordo com Bruno Covas contra projeto de Bolsonaro

Linha fina
Prefeito paulistano atende a reivindicação de aldeias e se declara contra projeto de municipalização da saúde indígena, que trará ainda mais precarização ao atendimento em todo o país
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Foto: REVISTA FÓRUM/REPRODUÇÃO

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), atendeu na noite do dia 28, a reivindicação de aldeias Guarani que vivem na Terra Indígena Jaraguá, na zona noroeste da cidade. O tucano se declarou contrário ao projeto do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de transferir aos municípios o atendimento à saúde das populações indígenas. 

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

O posicionamento, no entanto, só foi comunicado após reunião com a chefia de gabinete do prefeito com uma comissão formada por representantes dos guaranis, a vereadora Juliana Cardoso (PT) e do integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em São Paulo Aleandro Silva. O encontro ocorreu depois de mais de 24 horas de ocupação simbólica da sede da prefeitura, no Viaduto do Chá, na região central.

Os guaranis chegaram na manhã de quarta-feira 27, com o propósito de conversar diretamente com o prefeito a respeito do projeto, que tende a precarizar ainda mais a saúde indígena uma vez que os municípios têm menos recursos que o governo federal. Com isso, o mínimo de estrutura existente, insuficiente, deixaria de ser mantido.

É o caso de meios de transporte e de estratégias de atendimento que contemplam e respeitam as tradições indígenas. Em todo o país as aldeias estão localizadas a dezenas e até centenas de quilômetros de centros onde são oferecidos tratamentos e procedimentos mais complexos, para casos mais graves. Além disso, trata-se de uma população vulnerabilizada sob todos os aspectos.

Outra conquista dos povos do Jaraguá, que passaram a noite em frente à prefeitura e tiveram de enfrentar pressões do policiamento municipal que faz a segurança da sede da prefeitura, foi o compromisso assumido pelo prefeito. Covas vai receber uma comissão de guaranis na próxima terça-feira 2, em horário ainda não definido. Na agenda estão reivindicações para melhoria do atendimento na unidade básica de saúde local, mantida pela prefeitura, mas que funciona precariamente.

Em Brasília, uma comissão formada por representantes de diversos povos se encontrou com o ministro Mandetta, que afirmou que manterá a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O projeto de extinção é a maior preocupação dos povos tradicionais do Brasil, que nesta semana realizam mobilização pela saúde em todos os estados. 

Para o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), o desfecho da ocupação em São Paulo foi uma importante vitória política contra mais esta ameaça de retrocesso. "A Secretaria Especial de Saúde Indígena é uma conquista desses povos, que precisa ser aprimorada. Extinguir o serviço só vai piorar o atendimento", afirmou.

 

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