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Chapéu
94 anos

História do Sindicato é marcada por desafios

Linha fina
Desde sua criação, em 1923, categoria bancária luta por salários mais justos e condições dignas de trabalho; defesa da democracia também faz parte do DNA da entidade que completou 94 anos de fundação em 16 de abril
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Foto: Tiago Silva (arquivo)

São Paulo – Se engana quem pensa que o Sindicato foi criado apenas e tão somente para lutar por reajustes salariais. Na verdade essa foi apenas uma das razões que levou 84 bancários a fundar, em 16 de abril de 1923, há 94 anos, a Associação dos Funcionários de Bancos de São Paulo.

Até então, os trabalhadores das instituições financeiras pertenciam à categoria dos comerciários. Sendo que a nova agremiação passou a levar aos bancos pleitos que eram específicos dos bancários.

Foi quase uma década de organização da categoria naquela associação até explodir a primeira greve, em 1932, iniciada em Santos por funcionários do antigo Banespa. À época, além de salários mais justos, a grande reivindicação estava na área da saúde. Como era grande o número de bancários que contraíam tuberculose, os bancos eram cobrados para que melhorassem as condições sanitárias nos locais de trabalho.

O movimento foi vitorioso, abrindo caminho para outros avanços como a jornada de trabalho de seis horas que veio em 1933, quando a associação passou a chamar-se Sindicato dos Bancários de São Paulo. Abaixo foto da greve de 1934.

Foto: Arquivo do Estado de SP

Outra greve emblemática foi a de 1951, iniciada em 28 de agosto. A data ficou conhecida como o Dia do Bancário. Foram 69 dias de paralisação na capital paulista – os demais estados não aderiram ao movimento –, com os bancários enfrentando a forte repressão do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

Resistência à ditadura – Os anos 1960, 70 e 80, foram marcados pela resistência dos bancários ao Regime Militar, na luta pela anistia política e pelo retorno da democracia no país. A entidade chegou a passar por intervenção do regime militar, em 1983, mas não vergou. Durante os 20 meses de intervenção, circulou a Folha Bancária Livre, custeada a partir de rifas e doações dos trabalhadores.

Em 1985, a categoria fez sua primeira greve nacional após a ditadura militar. A paralisação ocorreu de 10 a 12 de setembro e marcou novo salto na unidade que viria a se consolidar nos anos seguintes e agregando conquistas como: vale-refeição, em 1991; Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional, em 1992; cesta-alimentação, em 1994; Participação nos Lucros e Resultados, em 1995, entre muitas outras. Abaixo, greve de 1989.

Foto: Esdras Martins

Ainda como reflexo da histórica greve de 1985, no ano seguinte os empregados da Caixa – até então considerados economiários – ganharam direito a sindicalização e passaram a integrar a categoria bancária.

Não à privatização – A luta do Sindicato, nos anos 1990, priorizou o combate à privatização dos bancos públicos e contra as primeiras terceirizações no setor financeiro.

Foi emblemática a dura guerra travada pelo Sindicato e pelos banespianos contra a privatização do Banespa, adquirido pelo Santander em 2000.

Mesmo empenho se deu contra as ofensivas – muito similares aos dias atuais – ao Banco do Brasil, à Caixa Federal e outras empresas estatais. Na época foi feita a campanha PrivatizaNão, unindo os mais diversos segmento contra os ataques da gestão Fernando Henrique Cardoso.

Campanha Nacional Unificada – A partir de 2004 a categoria amplia sua capacidade de mobilização por meio das Campanhas Nacionais Unificadas. Até então, BB e Caixa faziam campanhas e negociações em separado. A partir daquele ano, também passam a ter vaga na mesa da federação dos bancos (Fenaban), mantendo em paralelo suas negociações específicas.

O resultado dessa unidade é mais de uma década de aumento real, avanços na PLR e conquistas sociais importantes como a licença-maternidade de 180 dias, em 2009; instrumento de combate ao assédio moral, em 2010; abono-assiduidade, em 2013; licença-paternidade de 20 dias, em 2016, entre muitas outras. No ano passado, outro avanço significativo foi a CCT com validade por dois anos, 2016/2018.

“O acordo de dois anos assegura nossas conquistas num período de retirada de direitos, por meio da terceirização e de reforma trabalhista, da tentativa de acabarem com nossa aposentadoria, com a reforma da Previdência”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.

Resistência – Ao completar mais de nove décadas de lutas e conquistas, o Sindicato continua com a mesma vitalidade para enfrentar os ataques aos bancários e aos trabalhadores.

“Todos os avanços na Convenção Coletiva de Trabalho, inclusive a própria CCT, provêm da luta e do sacrifício de milhares de bancários ao longo desses 94 anos de história do Sindicato. Nossa geração, agora, está sendo colocada à prova e temos o dever e a obrigação de resistir a essa nova ofensiva aos direitos trabalhistas, às aposentadorias e ao desmonte dos bancos públicos. Por isso, é essencial que todos participem dos protestos organizados pela entidade e da greve geral do dia 28 de abril”, finaliza Juvandia Moreira.

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