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Chapéu
Lucro

Balanço divulgado reforça necessidade de explicações da Caixa

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Números também mostram que instituição pública não está quebrada e reafirmam importância da manutenção do caráter 100% público
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Arte: Seeb/SP

A Caixa Econômica Federal registrou lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre de 2017, resultado 81,8% maior que o do mesmo período de 2016 (R$ 818 milhões). Na comparação com o último trimestre do ano passado (R$ 691 milhões), o incremento foi de 115,3%. O lucro recorrente, que desconsidera efeitos extraordinários, totalizou R$ 1,7 bilhão, 49,6% maior que o verificado nos três últimos meses de 2016. Já o resultado operacional alcançou R$ 1,9 bilhão no trimestre, avanço de 420% em 12 meses.

Segundo o banco, o aumento do lucro líquido veio do crescimento das receitas com operações de crédito, diminuição nas despesas com captação de recursos, avanço nas receitas com prestação de serviços e corte das despesas com pessoal, administrativas e operacionais. As despesas de pessoal, diz o balanço, foram impactadas pelo Plano de Demissão Voluntária Extraordinária (PDVE), crescendo 17,2%. Sem esse efeito, o aumento seria de 6,1%. Em março, a Caixa possuía R$ 2,2 trilhões em ativos administrados, sendo R$ 1,3 trilhão de ativos próprios.

Foram extintos 5.863 postos de trabalho nos últimos 12 meses. O banco reduziu também em 3.842 o número de estagiários e aprendizes. Ao mesmo tempo, o número de clientes aumentou em 2,7 milhões no mesmo período.

Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, o lucro do primeiro trimestre reforça a necessidade de a direção da Caixa explicar o resultado de 2016. “Em setembro, quando o lucro acumulado era de R$ 3,4 bilhões, projetava-se fechar o ano com quase R$ 7 bilhões. No entanto, foram R$ 4,1 bilhões. O que ocorreu? Erro grotesco de projeção? Isso precisa ser esclarecido, e desde o final de março que empregados e as entidades representativas estão cobrando essas explicações”, observa.

O diretor executivo do Sindicato Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e diretor da Região Sudeste da Fenae, acrescenta: os números rebatem a alegação de que o banco está quebrado. “Há duas semanas, a agência de classificação de risco Fitch afirmou que o banco está em situação alarmante e que vai precisar de capital do governo. Esse é o já conhecido discurso de quem quer enfraquecer a empresa para justificar abertura de capital ou privatização. Assim como resistimos na década de 90, resistiremos agora e sempre”.

Ainda segundo avaliação da Fitch, o PDVE foi uma medida positiva adotada pela Caixa. “É inaceitável uma conclusão como essa. A redução do quadro de pessoal já agravou a situação nas unidades de todo o país, prejudicando os empregados e a sociedade em geral. Apesar das cobranças feitas na mesa de negociação permanente e nas últimas campanhas salariais, a direção do banco insiste na intransigência de não retomar as contratações”, critica Dionísio Reis.

Caixa 100% pública – O balanço da Caixa no primeiro trimestre também reafirma a importância de se manter a Caixa 100% pública e a serviço dos brasileiros. A carteira de crédito alcançou saldo de R$ 715,0 bilhões, avanço de 4,5% em 12 meses e participação de 22,8% no mercado. O crescimento das operações de habitação, saneamento. Infraestrutura e crédito consignado foram os principais responsáveis pela evolução no período. A carteira imobiliária alcançou saldo de R$ 412,9 bilhões, enquanto as operações de saneamento e infraestrutura totalizaram R$ 78,9 bilhões.

Entre janeiro e março, foram pagos cerca de 39,8 milhões de benefícios sociais, correspondendo a R$ 7,2 bilhões. O principal programa de transferência de renda, o Bolsa Família, pagou cerca de 38,2 milhões de benefícios no período, totalizando R$ 6,9 bilhões. A Caixa também foi responsável por realizar 67 milhões de pagamentos de benefícios voltados ao trabalhador, que totalizaram R$ 73,7 bilhões. Já os 16,1 milhões de créditos de aposentadorias e pensões totalizaram R$ 19 bilhões. “Os números mostram que não podemos abrir mão de uma Caixa 100% pública, pois ela é parceira estratégica na execução de políticas públicas”, finaliza Jair Pedro Ferreira.

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