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Chapéu
Idec

'Planinhos' oferecem rede de hospitais 62% menor

Linha fina
Pesquisa comparou número de hospitais de 17 operadoras e chegou a identificar um deles onde o convênio mais simples tem três unidades contra 69 do mais caro
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Foto: Ricardo Cassiano / Prefeitura do Rio

São Paulo - Diante da intenção do governo Temer de oferecer 'planos acessíveis' em contrapartida ao desmonte do SUS, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) realizou uma pesquisa e constatou que em 17 operadoras de convênios médicos chegou a 62% a diferença média entre o total de hospitais oferecidos no plano mais simples e o mais sofisticado.

No caso mais extremo, o número de hospitais disponíveis nos planos mais baratos é de três contra 69 para o mais caro, ou apenas 4%.

"A proposta de planos acessíveis não visa baratear o valor do plano, mas apenas fornecer uma justificativa mascarada para a alteração das regras que protegem o consumidor", explica a pesquisadora e advogada do Idec Ana Carolina Navarrete, responsável pelo levantamento. “O máximo de acesso que esses planos garantem é o acesso à contratação, e não à cobertura”, resume a advogada.

A conclusão tirada é de que os planos baratos comprometem a cobertura, por terem rede reduzida, abrangência restrita, coparticipação para restringir uso ou co-custear o tratamento e predomínio de contratação coletiva, que tem reajustes mais flexíveis. 

A pesquisa foi realizada por meio de consultas ao site das empresas e contatos com corretores e abrangeu planos de saúde com preços abaixo da média de mercado ofertados na cidade de São Paulo. Foram avaliados 118 planos de 27 operadoras.

Desmonte do SUS Em dezembro do ano passado, o Senado aprovou a PEC 55, proposta pelo governo Temer, que engessa gastos públicos, inclusive com saúde e educação, por 20 anos. Na prática, representa o desmonte do SUS (Sistema Único de Saúde). A PEC 55 tinha a denominação de PEC 241 na Câmara dos Deputados.

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“Com a PEC, todas as ações e serviços públicos de saúde, incluindo os tratamentos e os procedimentos médicos serão duramente afetados. Muitas dessas ações e serviços não são assegurados por planos e seguros privados, como por exemplo, oferta de medicamentos excepcionais, vacinas e vacinação, farmácias populares, saúde indígena, Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, afirmou, na ocasião, Áquilas Mendes, professor doutor de Economia da Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, e do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação de Economia Política da PUC-SP.

O Idec alerta que os planos baratos analisados não são iguais aos “acessíveis” propostos pelo governo – já que esses serão obrigados a cumprir exigências legais – mas entende que dão uma pista do que vai acontecer se a proposta for considerada viável pela ANS (Agência Nacional de Saúde).

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