Pular para o conteúdo principal

CUT realiza protesto contra apagão no transporte

Linha fina
Sindicato participa do ato pela mobilidade urbana, exigindo fim do descaso e da falta de investimento
Imagem Destaque

São Paulo - O caos na mobilidade urbana de São Paulo, com engarrafamentos diários, panes nos trens e metrôs superlotados, poucos corredores de ônibus e alto custo nas tarifas dos coletivos e pedágios, será motivo de protesto nesta sexta-feira 29, a partir das 10h.

Organizado pela CUT-SP (Central Única dos Trabalhadores de São Paulo), a manifestação, com a participação do Sindicato, tem como objetivo alertar para o descaso e a falta de investimento no transporte público em todo o estado.

A concentração será no MASP, na Avenida Paulista, e o protesto seguirá até a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, na região central, onde será entregue uma carta aberta à população.

“Os trabalhadores têm sofrido impacto direto tanto pela má qualidade do serviço quanto pelo custo alto das tarifas. Passou da hora de haver uma reação por parte da população”, destaca Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/SP.

> Série Sindicato Cidadão traz mais matérias sobre mobilidade e outros temas

Fora dos trilhos - Segundo informações da CUT-SP, de 2007 até maio deste ano foram nada menos do que 99 panes somente no Metrô. Na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) o caos é ainda pior: 124 panes de 2010 até o mesmo maio de 2012.

Desde que assumiu o governo estadual em 1995, o PSDB construiu 1,93 quilômetro de metrô por ano (eram 43,4 km e somente 30,9 km foram construídos em 16 anos), aumento insuficiente para os mais de 4 milhões de passageiros transportados diariamente. Entre 1999 e 2011 foram deixados de lado R$ 10,34 bilhões, quase metade dos R$ 22,85 bilhões em investimentos previstos para o período.

E quando investe, gasta mal. O custo do quilômetro construído chega a R$ 400 milhões, enquanto em Madri, na Espanha, o mesmo trecho vale US$ 42 milhões (cerca de R$ 85 milhões). Outro exemplo é a reforma de trens das Linhas 1 e 3, com custo equivalente a 86% do valor de um trem novo. A “modernização”  totaliza R$ 1,75 bilhão e, após denúncias, o Ministério Público de São Paulo informou que vai abrir inquérito para investigar os contratos.

Na CPTM, o quadro não é muito diferente porque entre 2003 e 2011 o governo estadual deixou de investir R$ 1,1 bilhão de um total de R$ 6,35 bilhões previstos. No período, já foram três colisões com 54 feridos, além de um descarrilamento e cinco funcionários mortos.

Coletivos - Entre as capitais brasileiras, São Paulo é a que tem a tarifa mais cara: R$ 3. Nas regiões metropolitanas os valores são ainda maiores, sem que exista sequer a integração com os trens do Metrô e CPTM. Só na capital, são 6,5 milhões de passageiros transportados por ônibus.

Pedágios - Mais peso no bolso dos cidadãos são as centenas de praças de pedágios espalhadas por todo o estado. Em 14 anos, cerca de 20 empresas se tornaram concessionárias e assumiram 5.315 quilômetros de estradas, segundo a Agência de Transporte do Estado. Com a privatização do serviço pelo governo tucano, houve o número de praças saltou de 40 em 1997 para 227 em 2010, com média de um novo posto a cada 40 dias durante o ano de 2010.

Esse exagero criou situações inusitadas, como a de pequenas cidades ilhadas, como Itatiba, na região metropolitana de Campinas. Com pouco mais de 100 mil habitantes, é cercada por três postos de pedágio, nas rodovias que seguem para Campinas, Louveira e Jundiaí. 

Em menos de duas décadas, o aumento nas tarifas foi de 168% acima da inflação – uma média de R$ 12,76 (a cada 100 quilômetros). Os valores, os mais caros do país, prejudicam não só os motoristas de veículos de passeio, mas também tem impacto no custo final dos produtos transportados nas rodovias e tarifas de ônibus. O preço do frete chega a subir até 25%, quando não deveria ultrapassar 3%.

Quem vive em São Bernardo e precisa se deslocar à Bertioga, por exemplo, paga R$ 20,10 na ida e mais R$ 9,40 na volta – num percurso mensal, são R$ 885. Se a viagem for mais longa, entre a capital e Presidente Epitácio, a 647 quilômetros de distância, o visitante vai desembolsar nada menos do que R$ 160 (ida e volta) em 14 postos espalhados por quatro rodovias.

No caso do transporte de cargas, estudo realizado em 2010 revelou que o motorista de um caminhão de seis eixos que rodava 15 mil quilômetros ao mês nas rodovias paulistas pagava mensalmente R$ 9.459 de pedágio. No ano, R$ 113.508. Com combustível, consumia R$ 117.540; ou seja, valor quase igual com o pedágio.

No mesmo ano, em algumas linhas do transporte intermunicipal o pedágio embutido na passagem chegava a 14% do preço total, até R$ 0,70 a mais na tarifa, totalizando R$ 420/ano. Hoje um ônibus de três eixos que faz o percurso SP-Araçatuba deixa nas praças de pedágio R$ 403,80 (ida e volta).
 



 

Redação, com informações da CUT-SP – 25/06/2012

seja socio