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Chapéu
Após a fusão

Assédio moral se intensifica em centro administrativo do Bradesco

Linha fina
Sindicato recebe ao menos uma denúncia por semana de bancários lotados no Núcleo Vila Leopoldina, como agora é chamado o antigo Casp do extinto HSBC
Imagem Destaque
Arte: Seeb-SP

São Paulo – O assédio moral tem se intensificado no Departamento Suporte a Canais (DSC) desde que o Bradesco comprou o HSBC. É o que denunciam os bancários do primeiro andar do antigo Casp, agora chamado Núcleo Vila Leopoldina – centro administrativo para onde o setor foi transferido recentemente e que antes da fusão pertencia ao banco britânico.

 As reclamações dos bancários feitas ao Sindicato são volumosas e têm como origem uma focal de equipe (supervisora): “Tem uma supervisora do Bradesco que está fazendo um assédio moral daqueles lá no DSC. Fica pedindo meta e sempre falando em corte [de funcionários] toda a reunião. Todo mundo morre de medo dela”, denuncia uma bancária. “Ela expõe as pessoas de tal maneira, só falta gritar”, afirma outro.

“Confirmei com pelo menos oito colegas a conduta desrespeitosa da gestora, que é reincidente nos casos de assédio moral, segundo relataram bancários do Bradesco. O Sindicato quer que ela seja reorientada”, cobra o dirigente sindical e bancário do Bradesco Paulo Sobrinho.

As denúncias, no entanto, não se restringem somente àquela gestora e muito menos ao DSC. Os casos têm se proliferado por todo o Núcleo Vila Leopoldina. “A gestora que assumiu minha equipe [registro GSP] ameaça mandar embora, sempre muito ríspida, humilha funcionários usando do seu cargo. É vingativa”, queixa-se uma funcionária a respeito da líder da equipe Registro GSP.

“Estamos recebendo pelo menos uma denúncia de assédio moral por semana”, relata Paulo. “O aumento dos casos reforça que o problema não é individual. Tem origem na estrutura organizacional do Bradesco, focada no cumprimento de metas impossíveis por meio de cobranças abusivas, o que leva a conflitos, adoecimento e perda da qualidade de vida, tudo em nome da lucratividade cada vez maior e mais concentrada nas mãos da diretoria”, critica o dirigente.

O Sindicato cobrou o banco formalmente e aguarda resposta. “Os bancários não devem aceitar com normalidade essa situação e devem continuar denunciando ao Sindicato, até porque a Fenaban, federação na qual o Bradesco tem acento, ratificou a Convenção Coletiva de Trabalho contendo cláusula em que os bancos comprometem-se a cobrar resultados com equilíbrio e respeito”, finaliza Paulo Sobrinho.

Na segunda semana de junho foi anunciada a incorporação do DSC, onde trabalham 200 bancários, pelo DROC (Departamento de Relacionamento Operacional com o Cliente), ao qual 800 funcionários prestam serviços.

Denuncie – Desde 2010, os bancários contam com um instrumento de combate ao assédio moral, conquistado após grande mobilização na Campanha Nacional Unificada. Os bancários vítimas de assédio moral podem denunciar abusos por meio do canal Assuma o Controle. O Sindicato irá apurar o caso junto ao banco e o sigilo da vítima é absoluto.

Em 2014, a categoria garantiu a inclusão na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de uma cláusula que prevê que o monitoramento de resultados – nome que os bancos dão para a cobrança por metas – será feito "com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho". 

Finalmente, na Campanha Nacional Unificada 2015, as instituições financeiras reconheceram que a pressão abusiva pode levar ao adoecimento dos trabalhadores e a CCT da categoria passou a contar com uma nova cláusula, cujo objetivo é melhorar as condições de trabalho nas agências e nos departamentos.

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