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Chapéu
Bom Retiro

Ciclistas refazem ciclovia após remoção pela gestão Doria

Linha fina
Na madrugada de sábado 3, ciclistas preocupados com a segurança dos usuários, refizeram o trecho apagado na Rua Silva Pinto, região central
Imagem Destaque

São Paulo – Preocupados com a segurança dos ciclistas após a ação da gestão do prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB), de desconstruir trechos de vias para bicicletas sem diálogo com os usuários, cicloativistas refizeram um trecho apagado na Rua Silva Pinto, no Bom Retiro, região central da cidade, na madrugada deste sábado 3, segundo matéria da Rede Brasil Atual.

Utilizando tinta, spray e moldes de bicicletas, os usuários demarcaram novamente o trecho nas cores branca e vermelha, conforme definido no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O trecho da via havia sido apagado há cerca de 15 dias. A gestão Doria diz estar revisando o Plano Cicloviário da capital paulista, mas tem excluído os ciclistas da discussão.

O trecho da Rua Silva Pinto foi fresado e recapeado, com o asfalto novo enterrando os tachões refletores. A pintura vermelha e a linha branca não foram refeitos. Segundo os ciclistas, a pista é bastante utilizada por trabalhadores que se deslocam para o serviço e por aqueles que realizam entregas ao longo do dia.

Outra ciclovia que sofreu intervenção da foi a da Rua Curuçá, na Vila Maria, zona norte, que teve um trecho de um quarteirão pagado, entre a Rua Guaranésia e a Praça Santo Eduardo. A via é usada principalmente por trabalhadores em deslocamento para o serviço, por isso tem picos de movimento pela manhã e no fim da tarde. A faixa foi totalmente coberta com asfalto novo, tendo linha branca, pintura vermelha e tachões refletores removidos.

Muitos carros que vão virar à esquerda na Praça Santo Eduardo estão utilizando o trecho apagado como acesso, colocando em risco os ciclistas que trafegam no local. Não há qualquer sinalização ou informação sobre a obra realizada no local ou o tempo em que a via para ciclistas será refeita. “A gente tem que ficar esperto, né!? É um trecho pequeno, mas ficou inseguro. Às vezes, um carro entra nessa parte do nada”, relatou o empacotador José Batista Oliveira, que utiliza o trecho todos os dias para ir ao trabalho.

Em março, a gestão Doria apagou um trecho de 600 metros da ciclovia da Avenida Amarilis, no Morumbi, zona oeste da cidade. Da mesma forma que as demais, todo o trecho foi recapeado, com remoção de pintura, tachões e placas. Até hoje o trecho não foi refeito, apesar da promessa da prefeitura.

Para o diretor da ONG Ciclocidade Daniel Guth, as novas intervenções são “preocupantes, porque mais uma vez mostram a falta de governabilidade e a falta de diretrizes para a política cicloviária dessa gestão”. O ativista destacou que, como no Morumbi, a intervenção foi realizada sem nenhum diálogo com os ciclistas nem com a Câmara Temática da Bicicleta do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT). Para ele, parece haver uma articulação entre comerciantes e as prefeituras regionais para definir a remoção de ciclovias.

Guth ressaltou que não estão sendo observadas as normas técnicas sobre alterações na sinalização viária, que só pode ser realizada pela autoridade de tráfego. “A prefeitura regional não tem competência legal para remover estrutura cicloviária. É um absurdo. É um quarteirão, não faz nenhum sentido a remoção. Os ciclistas que passam nesse local vão ficar totalmente jogados. Mesmo que fosse uma revitalização de asfalto é obrigação da prefeitura ou da CET sinalizar uma alternativa de circulação naquele lugar”, afirmou.

Em abril, Sérgio Avelleda, secretário de Mobilidade e Transportes da gestão Doria, anunciou que vai remanejar e trocar algumas ciclovias existentes por ciclorrotas – vias com sinalização especial, mas sem separação entre carros e bicicletas. A medida foi considerada “estapafúrdia” pela Ciclocidade. Para a entidade, tal mudança vai colocar os ciclistas em risco onde for aplicada. A organização também reclamou que os ciclistas estão sendo excluídos do processo de revisão do Plano Cicloviário da capital paulista, posto em prática pela prefeitura.

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