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Chapéu
Sem segurança

Plano de abandono da Torre deixa muito a desejar

Linha fina
Data mal escolhida, orientações insuficientes, apoio inadequado para funcionários com dificuldade de locomoção e portas que não abriram ao soar do alarme foram algumas das falhas identificadas; Santander precisa se responsabilizar por treinamento
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Foto: Seeb-SP

São Paulo – A simulação do Plano de Abandono do Local de Trabalho realizado na Torre, concentração do Santander na capital paulista, deixou muito a desejar. A primeira falha já ocorreu na escolha da data para a simulação, na sexta-feira 16, uma ponte de feriado, na qual grande parte dos cerca de cinco mil funcionários do local não estava trabalhando. Além disso, as orientações aos trabalhadores foram insuficientes, o apoio às pessoas com dificuldades de locomoção foi inadequado e houve falhas em elevadores e portas de vidro de salas fechadas, que não abriram ao soar do alarme.

“A realização da simulação, às 10h de uma sexta-feira, ponte de feriado, excluiu um terço dos funcionários do treinamento. Além disso, pelo oitavo ano, muitas falhas recorrentes permanecem: trabalhadores que deixaram o local antes do alarme, uma vez que conheciam o horário da simulação; portas de vidro de salas fechadas que não abriram ao soar do alarme; elevadores de emergência blindados que tiveram problemas para parar nos andares pré-determinados para a simulação; apoio inadequado às pessoas com problemas de locomoção, como gestantes e PCDs; funcionários desorientados no ponto de encontro", relata o dirigente sindical e bancário do Santander Welington Prado. "Ou seja, em caso real, poderíamos ter prejuízo de vida para a chegada e trabalho dos bombeiros", completa.

Wellington cobra que o banco assuma a responsabilidade de oferecer treinamento e estrutura adequados para situações de emergência. “Os brigadistas estão de parabéns. Tiveram todo empenho na simulação e apresentaram críticas construtivas ao banco na reunião realizada após o treinamento", diz. "Além das entregas e cobranças constantes como bancários, os brigadistas ainda acumulam essa função de forma voluntária. O empregador deveria contratar mais bombeiros para a matriz e não transferir a responsabilidade por esse tipo de treinamento", acrescenta. 

O dirigente lembra do princípio de incêndio na Torre, no 24º andar. "Ou seja, não estamos imunes! Outro caso temeroso foi o incêndio em uma concentração do Santander no Rio de Janeiro, no dia 10, que também serve como alerta claro para a necessidade de melhorias no treinamento para situações de emergência.”

“São vidas de milhares de trabalhadores que estão em jogo. O incêndio no Rio, que graças a deus não deixou vítimas, é um aviso do quanto o plano de abandono é importante. O banco precisa de fato assumir esta responsabilidade, com seriedade. Fazer da segurança nos locais de trabalho um hábito. É inadmissível que o Santander, que tem no Brasil o maior lucro em todo o mundo, lide dessa forma com a segurança dos seus funcionários. O investimento em treinamentos, simulações e equipamentos não pode ser tratado como mera formalidade”, reforça Welington.

"Nos últimos planos de abandono identificamos diversas falhas. Uma delas foi o longo tempo para a evacuação total do prédio, mais de 11 minutos. Sabemos que, em situações reais, a pessoa pode vir a óbito em apenas um minuto inalando fumaça. Reivindicamos zelo e prudência com a vida dos trabalhadores. O plano de abandono não pode ser feito por performance. Exigimos que o plano seja refeito de forma respeitosa e qualitativa", conclui o dirigente.

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