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Chapéu
Campanha 2018

Bancários reforçam defesa das empresas públicas

Linha fina
Bancos públicos, Petrobras, Eletrobras, unificação das lutas e a importância de eleger candidatos que defendam os interesses dos trabalhadores em outubro predominaram nas falas dos participantes da segunda mesa de debates da 20ª Conferência Nacional dos Bancários
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Foto: Seeb-SP

A segunda mesa de debates da 20ª Conferência Nacional dos Bancários, no final da manhã de sábado 9, discutiu a defesa das empresas públicas brasileiras. O debate contou com a participação do economista e professor Antônio Alves Jr; da coordenadora-geral do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, Cibele Vieira; do dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo, Esteliano Pereira Neto; do presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), Jair Ferreira; e do Conselheiro de Administração Representante dos Funcionários do Banco do Brasil, Fabiano Felix.

A Conferência Nacional dos Bancários iniciou na noite de sexta 8 e se encerra no domingo 10, com a plenária que aprovará a pauta de reivindicações da categoria, a ser entregue e negociada com a Fenaban (federação dos bancos).

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O professor Antônio Alves Jr abriu o debate abordando os bancos públicos, como BB e Caixa, e como essas instituições se diferem dos bancos privados por sua função social e importância para o desenvolvimento do país. 

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“Importantes investimentos em infraestrutura, inovação, agricultura, habitação, entre outros, dependem de financiamentos de longo prazo. O sistema privado entra nesses negócios com os dois pés atrás, já que muitas vezes envolvem riscos. Cabe aos bancos públicos a oferta desse crédito”, explicou. 

De acordo com o professor, após o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff – eleita com mais de 54 milhões de votos e contra quem não pesa qualquer crime – o governo Temer tem promovido um verdadeiro desmonte dessas instituições. Ao contrário do que ocorreu nos governos Lula e Dilma, quando os bancos públicos foram valorizados como uma importante ferramenta de promoção do desenvolvimento do país.

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“As políticas implementadas pelo governo Temer não são de recuperação. Pelo contrário, possuem vários elementos destrutivos. A impressão que dá é que o objetivo é dificultar a próxima gestão, que os bancos públicos não sejam utilizados pra fomentar o crescimento, como ocorreu nos governos Lula e Dilma. A oferta de crédito no Brasil despencou. Em vez dos bancos públicos reagirem no sentido oposto, eles passaram a atuar como as instituições privadas, fechando agências e cortando postos de trabalho sob o argumento da racionalização de recursos. A função social dos bancos públicos foi deixada de lado. Bairros inteiros e até cidades estão sem agências. Onde isso vai parar?”, questionou.

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Por sua vez, o presidente da Fenae, Jair Ferreira, também destacou as diferentes abordagens dos governos petistas e do governo Temer quanto aos bancos públicos. “A Caixa chegou a ter 101.000 funcionários em 2015. De lá para cá, já perdemos 17 mil postos de trabalho e as agências não param de fechar.”

Jair comentou ainda as tentativas de Temer em transformar a Caixa em sociedade anônima, com ações negociadas na bolsa de valores, o que abriria definitivamente as portas para a privatização. 

“Tentaram transformar todas as estatais brasileiras em S/A através da Lei das Estatais. Com muita luta, conseguimos barrar isso. Agora o golpe chegou até o Conselho de Administração da Caixa com propostas de mudanças estatutárias que destroem a função social do banco e abrem portas para o rentismo. O que está em jogo é a destruição do Estado. Não podemos permitir˜, concluiu. 

Já Fabiano Felix, Conselheiro de Administração Representante dos Funcionários do Banco do Brasil, ressaltou a importância da participação dos trabalhadores dos bancos públicos na defesa das instituições e da democracia. 

“Todo êxito dos bancos públicos nos governos Lula e Dilma não foi suficiente para o momento de luta contra o golpe, que contou com o apoio da mídia, quando encontramos colegas perfilados com os golpistas. Temos que firmar compromissos de que não podemos governar as estatais de costas para os seus trabalhadores. Isso traz uma obrigação para nós que fazemos a luta. Eleger um presidente com capacidade de dialogar com nossas pautas. Não só de lucro econômico vive uma estatal. Temos que buscar o lucro social. Temos de erguer essa bandeira e ir à luta. Essa Campanha [dos Bancários] marcará um antes e um depois. Sairemos vitoriosos!”, enfatizou.

Petrobras 

Em um momento no qual a Petrobras é alvo de medidas privatistas e de uma política de preços que beneficia acionistas e empresas privadas, em detrimento da população brasileira, Cibele Vieira, diretora do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo e da FUP (Federação Única dos Petroleiros) , lembrou que, enquanto antes do golpe havia um plano para dobrar a produção da empresa, hoje 30% da atual capacidade está ociosa. 

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“Em paralelo a isso, aumentaram os preços dos derivados para além do mercado internacional. Fizeram isso para empresas estrangeiras entrarem no mercado nacional, importarem derivados de fora, ficando confortáveis para comprar as refinarias. Não faz sentido uma empresa pública se auto boicotar para trazer seus concorrentes para dentro. Não tem explicação para isso que está acontecendo, a não ser interesses escusos de desmontar a empresa. Inclusive, nós, petroleiros, protocolamos um pedido de CPI para investigar a atual política de preços da Petrobras”, disse.

Eletrobras 

Outra empresa pública que está na mira de interesses privatistas é a Eletrobras. Esteliano Pereira Neto, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo, falou sobre a tentativa do governo Temer de vender 47 usinas hidrelétricas, além de termelétricas, eólicas e solares, por R$ 12 bilhões. “Duas usinas da Cesp foram vendidas por R$ 13,8 bilhões, quatro da Cemig por R$ 12,13 bilhões, e querem vender todo esse sistema por somente R$ 12 bilhões. Essa conta não fecha. É golpe (...) Temos de unificar as lutas em defesa das empresas públicas, do nosso patrimônio, da soberania nacional. E nada vai adiantar se não mudarmos o Congresso”, concluiu. 

 

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