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Ambulância na Cidade de Deus! Mas só pela tocha

Linha fina
Parece piada, mas não é: Bradesco providencia unidades para remoção de emergência só por causa da passagem da chama olímpica pela matriz; veículos são antiga reivindicação dos bancários e do Sindicato
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São Paulo – Depois de anos de reivindicações, protestos e emergências médicas, a matriz do Bradesco, conhecida como Cidade de Deus, finalmente conta com uma ambulância. Mas os bancários terão de continuar evitando adoecer. O veículo é exclusivo para os operários que estão montando a estrutura a ser usada durante a passagem da tocha olímpica pelo local, e ficará só até 26 de julho.

Mas tudo bem, porque o Bradesco prometeu providenciar três, isso mesmo, três ambulâncias para aquele centro administrativo, sendo duas Unidades de Terapia Intensiva. Mas apenas no dia 21 de julho, data em que a chama olímpica vai percorrer a concentração.

“Me senti um rejeitado pelo banco, um qualquer quando vi a ambulância”, desabafa um bancário, que também é brigadista. Ele lembra que a falta de um veículo de remoção médica já foi sentida várias vezes no complexo administrativo (veja abaixo).

“Somos mais de dez mil funcionários que geram tanto lucro para o Bradesco, mas o banco só arranja uma ambulância por causa dessa tocha olímpica”, protesta o brigadista. “Estava empolgado com a passagem da tocha, mas confesso que depois dessa, desanimei totalmente.”

“Com esse episódio, o banco confirma que uma ambulância no local é necessária. A pergunta que fica é: por que a recusa em disponibilizá-la aos milhares de funcionários?”, questiona Marcelo Peixoto, dirigente sindical e bancário do Bradesco.

Patrocínio milionário – Segundo a agência de notícias norte-americana Bloomberg, o Bradesco pagou de US$ 300 milhões para ser o único banco a explorar a marca dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Junto com a Coca-Cola e a Nissan, o Bradesco desembolsou outros R$ 500 milhões, ainda segundo a Bloomberg, para bancar o revezamento da tocha olímpica pelos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal.

“O banco lucrou R$ 17 bilhões só no ano passado, gasta uma fábula para conseguir o patrocínio das Olimpíadas e outra fortuna para bancar o revezamento da tocha, mas se nega há anos a providenciar uma ambulância na Cidade de Deus”, critica Marcelo.

“É um escárnio e um completo descaso com os funcionários, que são os verdadeiros responsáveis pelos lucros da empresa. Os protestos pela ambulância vão continuar até que o banco atenda essa reivindicação e respeite seus trabalhadores”, finaliza o dirigente.

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Rodolfo Wrolli – 13/7/2016

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