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Chapéu
Sem água de novo

Especialistas avaliam que São Paulo já sofre com nova crise hídrica

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Nível de água do Sistema Cantareira está em 41,5%, sem considerar a reserva, chamada de volume morto, abaixo do que antecedeu a crise de 2014
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Foto: Reprodução/TVT

O volume do Sistema Cantareira diminui a cada dia e alerta para a possibilidade de nova crise hídrica em São Paulo e região metropolitana. O Cantareira abastece mais de 7 milhões de pessoas e hoje, com apenas 41,5% de sua capacidade de armazenamento, chega a um nível menor que o registrado antes da crise hídrica de 2014 e 2015.

A reportagem é da Rede Brasil Atual.

Embora a retirada de água do reservatório tenha sido reduzida, especialistas acreditam que uma nova crise já está em andamento. Segundo a Sabesp, em 2013, quando surgiram os primeiros alertas de problemas com o abastecimento de água, o volume do Cantareira era de 61,5% de sua capacidade de armazenamento.

Nesse período, o sistema administrado pela Sabesp sofreu, de acordo com especialistas, com a má gestão do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), agora pré-candidato à Presidência da República, e com a ausência de água, como consequência da falta de chuvas no período.

Em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, o professor do Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Luiz Côrtes diz que uma das soluções para prevenir a crise seria a recuperação dos rios que cortam São Paulo e as cidades no entorno.

O especialista destaca que o governo não busca alternativas sustentáveis para solucionar essa questão. "(não se faz) A recuperação dos rios que cruzam a região metropolitana e a utilização desses rios para o abastecimento. Falta os investimentos em educação ambiental para a população, mostrando as alternativas que poderiam ser tomadas para a captação e reúso de água, reservando a água tratada para finalidades mais nobres", afirma.

A falta de estrutura e proteção aos mananciais levam à região metropolitana de São Paulo a iminência de mais uma crise hídrica, avalia Gabriele Canindé, mestranda em Ciências Ambientais. "A falta de estrutura e tratamento de água, proteção aos mananciais, isso traz o risco de crise hídrica. Agora, em comparação a 2014, estamos num estado de crise, só que o estado de São Paulo não a declara e a Sabesp finge que não acontece nada", critica.

Côrtes ressalta que o limite de captação de água na região metropolitana está sendo ultrapassado, sem que o poder público incentive o consumo consciente da população. "Os investimentos são uma perpetuação desse modelo. Hoje, parte da água do Sistema Cantareira vem de Minas Gerais.

Os investimentos feitos são nesse sentido de buscar água cada vez mais longe, interligações de sistemas diferentes. O dinheiro poderia ser investido em educação e uso racional. Isso representaria um alívio significativo", explica. Gabriele faz um alerta: se o atual modelo de gestão continuar como está, a situação irá piorar.

"Se você não buscar melhoria de infraestrutura no próprio local a situação ficará complicada. Vamos viver uma crise atrás da outra. Daqui para frente, se continuar desta maneira, as coisas vão piorar. Não há tratamento dos canais hídricos como Tietê e Pinheiros, ou seja, vamos ter uma crise atrás da outra. Não dá mais para depender das chuvas", acrescenta.

Ouça a entrevista

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