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BB lucra, mas continua extinguindo empregos

Linha fina
Resultado do primeiro semestre foi de R$ 4,8 bi; ainda assim, banco público eliminou 2.710 postos de trabalho em 12 meses
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São Paulo – O Banco do Brasil teve lucro líquido de R$ 4,824 bilhões no primeiro semestre de 2016. O montante é 45,3% menor que o registrado no mesmo período de 2015, mas este decréscimo deve-se à criação da Cateno – o BB participa de 50% da empresa por meio da Elo Cartões – naquele período, o que impulsionou o resultado de 2015.  

Além disso, o resultado do BB no primeiro semestre deste ano foi impactado pela provisão relacionada a caso específico do segmento empresarial de óleo e gás. A provisão para devedores duvidosos (PDD), que entra como despesa no balanço e, portanto, reduz o lucro, cresceu 30% no período, atingindo R$ 14,2 bi.

No segundo trimestre de 2016, o lucro líquido foi de R$ 2,465 bilhões, com crescimento de 4,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Para o diretor executivo do Sindicato e funcionário do BB Cláudio Luis, o resultado mostra que o banco tem plenas condições de atender as reivindicações gerais da categoria, e as específicas dos funcionários. A pauta para discutir o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) foi entregue à direção da empresa na quinta-feira 11. “Iniciamos nossa Campanha Nacional, e o Banco do Brasil, assim como o setor bancário como um todo, continua lucrando alto. Portanto, não há justificativa para que não atenda as demandas da categoria”, afirma.

> Na entrega da pauta, funcionários cobram do BB que valorize negociações

Emprego – O dirigente destaca que uma das principais reivindicações é que o banco contrate e reponha as vagas deixadas por quem saiu por meio de PAI (Programa de Aposentadoria Incentivada). “O BB deveria gerar empregos bancários, mas ao invés disso, está extinguindo postos de trabalho.”

Em doze meses (junho de 2015 a junho de 2016), a direção eliminou 2.710 empregos, sendo 249 apenas nos últimos três meses. Hoje o banco conta com 109.615 empregados. “A situação nas agências e departamentos está cada vez pior. Os trabalhadores estão sobrecarregados e adoecendo. Nossa pauta também conta com uma série de reivindicações por melhoria das condições de trabalho que podem muito bem ser atendidas pelo banco”, acrescenta Claudio Luis.

Outro dado do balanço aponta que somente com o que ganhou com tarifas (R$ 11,621 bilhões, crescimento de 7,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior), o BB cobre em 104% do total das despesas de pessoal (inclusive PLR), que cresceram apenas 1,6% no período. Em doze meses, a instituição financeira fechou 116 agências.

Caráter público – “Outro ponto fundamental da nossa campanha é a defesa do caráter público do BB, ameaçado pelo governo interino de Temer. As instituições financeiras públicas desempenham um papel muito importante na economia de um país, com oferta de crédito em momento de recessão, quando os privados em geral retraem. O governo Temer já anunciou sua intenção de privatizar o BB, assim como a Caixa, mas nós trabalhadores estamos mobilizados para fazer frente a isso”, reforça Cláudio Luis.

Outros números – O banco teve uma rentabilidade de 10,4% ao ano no primeiro semestre. O resultado estrutural, que representa a performance antes das despesas com provisões e tributos, cresceu 10,8% na comparação com o mesmo período de 2015.

A carteira de crédito ampliada do Banco do Brasil apresentou decréscimo de 1,2% em 12 meses, influenciada pela queda da carteira do segmento empresarial.

A carteira de pessoa jurídica alcançou R$ 327,6 bilhões em junho de 2016, decréscimo de 5,4% em 12 meses. As operações de capital de giro e de investimento decresceram 8,7%, reflexo principalmente do desempenho da economia doméstica. As operações de crédito com micro e pequenas empresas atingiram R$ 81,2 bilhões em junho, queda de 13,7% em 12 meses.

Já no segmento de pessoas físicas houve crescimento de 20,9% no mesmo período, alcançando saldo de R$ 39,7 bilhões em junho de 2016.

O crédito imobiliário total atingiu R$ 51,6 bi no fim do primeiro semestre, expansão de 17,1% em 12 meses.

A carteira de crédito ampliada de agronegócio, incluindo operações de crédito rural e agroindustrial, cresceu 9,6% em 12 meses, influenciado pelas operações de custeio e investimento. Esse segmento representou 24,6% da carteira total do BB. O Banco do Brasil é líder no crédito ao agronegócio, com 62% de participação de mercado.

O índice de inadimplência alcançou 3,27% em junho de 2016. Excluindo-se o efeito de caso específico do segmento empresarial de óleo e gás, o índice de inadimplência foi de 2,85%.


Redação – 11/8/2016

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