Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Campanha nacional

Vai ter luta sim!

Linha fina
No Dia do Bancário, trabalhadores marcham pelo centro de São Paulo para lançar Campanha Nacional em defesa dos bancos públicos, do emprego e pela garantia dos direitos
Imagem Destaque
Foto: Anju

São Paulo – A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários está assegurada por mais um ano, mas nem por isso deixará de ter Campanha Nacional em defesa dos bancos públicos, do emprego, pela garantia dos direitos e contra a terceirização. A Campanha 2017 foi lançada nesta segunda-feira, 28 de agosto, Dia do Bancário, com marcha pelas ruas do centro antigo de São Paulo.

“O acordo de dois anos, que conquistamos em 2016, após 31 dias de greve, garantiu aumento real de 1% este ano. Além disso, nossos direitos estão assegurados até o ano que vem. Mesmo assim, neste ano teremos luta em defesa do emprego, contra a terceirização e contra o desmonte dos bancos públicos, porque agora vem coisa pior”, alertou a presidenta do Sindicato, Ivone Silva (abaixo), citando a reforma trabalhista, que passará a valer em novembro.

Dentre algumas das mudanças da nova lei estão a legalização da terceirização irrestrita; o contrato intermitente – no qual o trabalhador só receberá pelo tempo que efetivamente trabalhar, o que poderá representar remuneração abaixo do salário mínimo –; e o fim da validade de acordos coletivos até sua renovação (ultratividade). 

“O Congresso formado por empresários está promovendo a retirada de direitos dos trabalhadores, porque a população acabou elegendo representantes que não defendem nossos direitos, e sim os do empresariado”, destacou Ivone.

“É um dia de lutas históricas, mas também é o dia que marca o início das mobilizações contra a pauta de retrocessos e desmontes que esse governo e o Congresso Nacional estão impondo à sociedade brasileira, e que coloca em risco a nossa aposentadoria, nossos direitos trabalhistas. É uma pauta de toda a sociedade, e apesar de as notícias serem trágicas, hoje é um dia de alegria, e nós vamos fazer humor e graça”, acrescentou a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, na abertura da manifestação.

Descontração e assombração –  E para destacar todos esses ataques, o protesto ocupou agências bancárias do centro antigo e investiu na descontração por meio de performances lúdicas interpretadas por personagens que assombram os brasileiros: banqueiros montados nas costas da população, representando a exploração do capital financeiro sobre a sociedade; um casal de trabalhadores idosos perseguidos pela morte, reforçando que a reforma da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional, praticamente obrigará a maioria da população a trabalhar até morrer; e o prócer da aniquilação dos direitos sociais e trabalhistas: Michel Temer. 

O ato chamou a atenção pelas ruas onde passou: “Um protesto como esse é muito importante para lembrar dos direitos que nós temos, que não foram dados à toa. Foram conquistados com a mobilização das pessoas e hoje estão ameaçados”, afirmou o ator Guilherme Novais, enquanto assistia a performance e prestava atenção à fala dos dirigentes.

A ex-bancária Alice, que não quis dar o sobrenome, gravava com seu celular a performance das personagens. “Eu já estou aposentada, mas o pessoal mais novo não vai conseguir se aposentar. Esse ato ajuda a sensibilizar as pessoas sobre os riscos”, opinou a ex-funcionária do Banespa, banco privatizado em 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e que ajudava a fomentar a economia e a agricultura do estado de São Paulo por meio da concessão de juros mais baixos. 

Defesa dos bancos públicos – A volta dos ataques aos bancos públicos como Banco do Brasil, Caixa e BNDES também foram destacados no protesto. BB e Caixa estão sofrendo encolhimento por meio da eliminação de dezenas de milhares de postos de trabalho e fechamento de centenas de agências. Além disso, a direção da Caixa está reduzindo departamentos responsáveis pelas funções sociais do banco, como os que gerenciam o FGTS, os programas sociais e o crédito habitacional. O governo também vai aumentar o custo dos empréstimos do BNDES, o que impactará na retomada da economia e do desemprego.

“É a diminuição do papel da Caixa naquilo que está mais perto das pessoas. É a casa que você não vai mais conseguir financiar”, exemplificou o dirigente sindical e empregado da Caixa Renato Perez.  “É nosso papel defender os bancos públicos, porque o prato de comida que temos na nossa mesa é financiado com crédito do Banco do Brasil, e se acabar com os bancos públicos, a comida ficará mais cara”, reforçou Ernesto Izumi, diretor executivo do Sindicato e bancário do Banco do Brasil. 

O Banco do Brasil e o Banco do Nordeste são os dois maiores ofertantes de crédito via  Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf), que cobra taxa de juros de 2,5% a 5,5% ao ano. Sem o Pronaf, o agricultor teria de pagar 70% de taxa de juros ao ano. Esse setor, por sua vez, produz 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.  

 

 

Durante o ato foram distribuídas à população cartilhas elaboradas pelo Sindicato contendo informações sobre a importância das instituições financeiras estatais.

Nenhum de nós ganhou com o golpe – Na Praça do Patriarca lotada de pessoas, Neiva lembrou que os banqueiros defenderam a agenda de retirada de direitos. “São eles que estão ganhando bilhões da população, que tem 14 milhões de desempregados, são eles que estão ganhando com esse desmonte. Nenhum de nós, trabalhadores, ganhou. Por isso temos de estar unidos, informados, ter argumentos, se contrapor ao que a mídia vem divulgando e que não está do nosso lado. Não podemos confundir nossa pauta com a fala dos patrões veiculadas pela grande mídia, que também defendeu o golpe”, acrescentou a dirigente.

seja socio