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Greve para telebancos do Bradesco e do HSBC

Linha fina
Nos dois prédios, localizados na região central de São Paulo, trabalham mais de 2 mil bancários
Imagem Destaque

São Paulo – A mobilização dos trabalhadores conseguiu paralisar, no quarto dia de greve nacional da categoria, dois importantes centros de teleatendimento bancário: os telebancos do Bradesco e do HSBC, ambos na região central de São Paulo.

No Telebanco do Bradesco, bairro de Santa Cecília, dezenas de funcionários permaneceram do lado de fora do prédio. No local trabalham cerca de 2 mil bancários, a maioria jovens na faixa dos 20 aos 25 anos. Entre as principais reclamações está a falta de apoio do banco para que terminem a faculdade ou para que façam pós-graduação.

“Eles não ajudam na faculdade, não tem bolsa pra graduação. E se você bate as metas, ganha prêmios como caneta, caneca, toalha, ursinho, camiseta. Os prêmios grandes são para metas impossíveis de bater”, reclama uma bancária de 21 anos. “Tive problemas pra me formar porque o banco mudava meu horário e não queria nem saber se eu estudava”, diz outro funcionário, com 25 anos.

“Estou querendo fazer pós em negócios na área onde atuo, mas o banco não oferece bolsa. O curso que eu quero custa R$ 1 mil em 23 parcelas e eu ganho R$ 1.400,00, nunca vou conseguir pagar. Acho que o banco deveria ajudar o funcionário a se profissionalizar porque é bom pra ele também. Mas não existe isso aqui.” Ela ainda opina: “A greve é um direito, não está certo você trabalhar um ano inteiro sem nenhum aumento. E se você não lutar pelos seus direitos quem vai fazer?”, questiona.

Outro acrescenta: “A greve é necessária. Podem até reclamar da greve, mas todo mundo gosta quando o salário aumenta. Se o banco oferecesse uma proposta que valesse a pena, seria melhor pra todo mundo, mas não foi o que aconteceu.”

Pressão – Outro problema comum entre os atendentes do Bradesco é a pressão para o cumprimento de metas abusivas. “Comecei a sofrer de tendinite e tive de fazer fisioterapia.” Mas esse foi o menor dos seus problemas: “Eu saía daqui com tudo que é de ruim. Você fica tão mal que acaba descontando nas pessoas”, conta um funcionário com nove anos de casa, sete dos quais permaneceu na mesma função. “Falta encarreiramento no banco”, critica.

HSBC – Adoecimentos também são comuns entre os funcionários do Telebanco do HSBC, onde trabalham cerca de 200 bancários. “Cobrança de metas, muita pressão e muitos casos de assédio moral”, é assim que a funcionária com mais de quatro anos de casa resume o ambiente de trabalho.

A bancária conta que se afastou por cinco meses devido a estresse e depressão. “Eu chorava por qualquer coisa. E era só chegar no serviço e passava mal, chegava a vomitar.” Após consulta com psiquiatra passou a tomar antidepressivos e ficou de licença médica. “Voltei há dois anos e, graças a Deus, me tiraram da linha, mas só fizeram isso porque viram que eu não suportava mais.”

Para ela, a greve é necessária. “Se a gente não faz isso, não tem aumento. Não podemos apenas trabalhar, trabalhar e não ser valorizados.”

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Andréa Ponte Souza - 21/9/2012

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