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Inclusão

CUT realiza encontro de trabalhadores com deficiência

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Durante debates, PCDs alertam para dificuldade de acesso ao mercado: “Ainda nos enxergam como coitadinhos”
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Foto: Roberto Parizotti/CUT

São Paulo – “O golpe segue em curso, a terceirização e a Reforma Trabalhista vão atingir os setores mais vulneráveis da classe trabalhadora, isso inclui os trabalhadores com deficiência. Por isso, momentos como este são importantes, quando nos reunimos e organizamos a resistência”, afirmou Jandyra Uehara, secretária nacional de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, durante o 4º Encontro Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras com Deficiência da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que começou na quinta-feira 21, Dia Nacional de Luta em Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O encontro, que ocorre na capital paulista, vai até sábado 23.

O evento iniciou com mesa de análise de conjuntura formada pela representante do Solidarity Center, Jana Silverman; Anaildes Sena, coordenadora do Coletivo Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras com Deficiência da CUT; e pelo secretário-geral da Central, Sérgio Nobre.

Após inserir o Brasil em um contexto de crise mundial, Jana Silverman ponderou que “no meio da crise capitalista, quem tem tido lucro é o mercado especulativo, que não gera empregos. Logo, caminhamos para um avanço de desemprego no mundo todo”, explicou a sindicalista.

Ainda de acordo com Jana, “a precarização das relações de trabalho no Brasil” contrastam com a realidade mundial. “Estamos começando a discutir as relações de trabalho em uma indústria que tem robôs e inteligência artificial. Porém, no Brasil, Reforma Trabalhista leva o país para a Idade Média e isso é preocupante para a organização dos trabalhadores.”

Para Sérgio Nobre, o cenário atual tende a prejudicar, ainda mais, os trabalhadores com deficiência. “O que os empresários dizem das cotas para deficientes em suas empresas? ‘Isso é problema do Estado. Já pagamos nossos impostos’. Engraçado que o Estado mínimo eles só pregam quando interessa”, afirmou.

Anaildes falou da dificuldade de organizar a luta nas bases. “A pessoa com deficiência é vista apenas como um problema de saúde, não conseguimos avançar. Quando chegamos em um sindicato, já nos dizem: ‘Vou passar o contato do secretário de Saúde’. Ainda nos enxergam como ‘coitadinhos’, mas isso nem é culpa de quem nos recebe, ela não foi apresentada à nossa realidade. A Constituição de 88 nos empodera”, explicou a sindicalista.

Dados alarmistas – Durante o encontro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou o estudo Desafios para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

De acordo com o Censo 2010, o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Destas, apenas 13,6% são economicamente ativas. “A concepção neoliberal, que tem avançado no mundo, pede um Estado mínimo e isso impacta diretamente as políticas públicas, excluindo setores vulneráveis. Recentemente, por exemplo, Michel Temer cortou verbas para creches para crianças com deficiência”, afirmou Adriana Marcolino, economista do Dieese.

Mesmo com amparo da lei que determina cotas para trabalhadores com deficiência em empresas com mais de 100 funcionários, apenas 403 mil postos de trabalho eram ocupados por pessoas com algum tipo de deficiência, mostrou o relatório organizado pelo Dieese.

Ao final, Adriana apresentou algumas medidas que podem cooperar para a inclusão de trabalhadores com deficiência no mercado. Ação de desconstrução de preconceito; Garantia de ambiente de trabalho acessível; Cumprimento da Lei de Cotas; Aproximação de outros movimentos, principalmente de mulheres organizadas, entre outros.

 

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