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Chapéu
Diz uma coisa e faz outra

Itaú muda o mundo para pior ao demitir bancário com deficiência

Linha fina
Banco alega cumprir responsabilidade social criando oportunidades iguais para todos, mas fecha portas para empregado com necessidades especiais que desenvolveu doença ocupacional
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Arte: Freepik

São Paulo – “O Itaú Unibanco tem a responsabilidade de criar oportunidades iguais para todos, pois acredita que uma sociedade melhor é aquela em que cada um tem a oportunidade de explorar suas habilidades e talentos. Buscamos atrair, desenvolver e reter pessoas com deficiência física, visual, auditiva ou intelectual para vagas em todas as áreas e posições do banco, respeitando a compatibilidade entre o perfil e a oportunidade.”

O texto acima está no site do Itaú. Mas as palavras comoventes não condizem com a realidade. Um funcionário do ITM com deficiência auditiva e em tratamento médico contra uma doença desenvolvida no desempenho das funções foi demitido na metade de setembro sob a justificativa de que não estava produzindo o suficiente.

“A falta de respeito do banco com o trabalhador foi muito grande porque na hora da demissão sequer chamaram alguém que sabia linguagem de sinais para traduzir o que estava se passando. Alegaram que ele não produz resultados como os demais funcionários do setor e ainda o demitiram sem dar a ele a oportunidade de realocação, conforme acordo assinado recentemente”, relata o dirigente sindical e bancário do Itaú Antônio Soares, o Tonhão.

O bancário tem atestados e exames médicos que acusam tenossinovite, uma lesão por esforço repetitivo (LER/Dort). Essa condição causava-lhe muita dor para digitar e limitava seus reflexos. Seus gestores ignoravam a doença e o cobravam constantemente por produção.

A demissão do bancário contraria ação do Ministério Público de São Paulo movida contra o Itaú que assegura a preservação do emprego dos trabalhadores com LER/Dort.

“O banco prega a inclusão, mas deixa a responsabilidade e a ética na mão de gestores de áreas como PNP e Saldo Credor que demitem a bel prazer e são despreparados no trato às pessoas com deficiência”, afirma Tonhão, acrescentando que em outras ocasiões o banco contratou de uma só vez vários trabalhadores com deficiências apenas para demiti-los alguns meses depois.

“O Itaú alega que contrata pessoas com deficiência, mas não dá oportunidade de ascensão na carreira. O que a gente observa é uma preocupação do banco em cumprir a exigência mínima de contratação só para dizer que está de acordo com a lei e evitar multas, para depois deixar esses trabalhadores ociosos ou exigir deles o mesmo resultado de outros, sem levar em conta as particularidades de cada uma dessas pessoas”, enfatiza o dirigente.

“Uma empresa que lucra como nenhuma outra nesse país por meio de juros e tarifas extorsivas cobradas da população tem o dever de oferecer uma contrapartida social abrindo mais postos de trabalho e dando oportunidades a pessoas com deficiência ao invés de desrespeitar e demitir sem justificativa, e ainda por cima pregar de forma hipócrita que ‘tem a responsabilidade de criar oportunidades iguais para todos’”, finaliza o dirigente.

Quase 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 45 milhões de Pessoas com Deficiência (PCDs).
 

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