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Licitação para obras do monotrilho é suspensa

Linha fina
Com apenas duas estações em operação, obra da Linha 15-Prata está quatro anos defasada. Problema no edital do Metrô, empresa administrada pelo Governo Alckmin, pode atrasar entregas previstas para 2018
Imagem Destaque
Rodrigo Gomes, da Rede Brasil Atual
3/11/2016


São Paulo – O Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo determinou a suspensão de uma licitação no valor de R$ 66 milhões para obras complementares de acabamento, instalações hidráulicas, comunicação visual, paisagismo e reurbanização das estações Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus da Linha 15-Prata (Cidade Tiradentes–Vila Prudente) do Metrô, empresa administrada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). Com isso, a linha pode sofrer mais um atraso nas inaugurações de novas estações, programadas para ocorrer em 2018. A suspensão do processo vale até a decisão final do tribunal.

Segundo despacho do conselheiro-substituto Márcio Martins de Camargo, ao limitar os atestados de qualificação técnica, somente serão válidos se estiverem em nome da empresa concorrente, o que limita a possibilidade de participação daquelas empreiteiras que atuaram em consórcios ou que passaram por reestruturação societária, mudando sua razão social. Para o conselheiro, o edital apresenta “indícios de potencial ameaça à busca da proposta mais vantajosa e à isonomia”. A decisão atende a um pedido da Tiisa - Infraestrutura e Investimentos S/A.

Quatro anos atrasada, com apenas duas estações operantes, a Linha 15-Prata já custa o triplo do orçado – de R$ 2,3 bilhões, em 2009, para R$ 7,1 bilhões atualmente – e transporta apenas 1% dos passageiros estimados. Desde que foi inaugurado, em agosto de 2014, o monotrilho transportou, em média, 5.200 pessoas por dia, num total de 3,9 milhões de passageiros. O número equivale a menos de 1% dos 550 mil passageiros por dia, estimados em 2009, quando as obras foram iniciadas. Das 16 estações em obras, oito estão previstas para 2018 e oito tiveram a construção suspensa.

As obras são tocadas pelo Consórcio Expresso Monotrilho Leste (CEML), que inclui as construtoras Queiroz Galvão e OAS e a empresa de tecnologia Bombardier. O trecho em funcionamento, de 2,9 quilômetros, comporta apenas quatro trens. Outras 16 que já foram compradas ficam paradas no pátio Oratório. Um dos principais problemas no empreendimento foi a “descoberta” de um córrego sob o trecho em que seriam construídas três estações, que não estava previsto no projeto.

Atualmente, o governo do estado estuda privatizar a operação do monotrilho, para evitar a contratação de trabalhadores metroviários – que ficariam sob responsabilidade do concessionário – e arrecadar dinheiro para concluir estações e trechos em obras. Assim como na proposta de privatização das linhas 5-Lilás (Capão Redondo–Chácara Klabin) e 17-Ouro, não estariam previstos investimentos do consórcio que vencer a licitação para operação da Linha 15. Apenas manutenção e atualização do sistema.

No dia 10 de outubro, um trem do monotrilho deixou a plataforma da estação Oratório com todas as portas abertas. Por questão de segundos, duas mulheres quase ficaram presas entre as portas da plataforma e da composição, ao tentar ingressar no vagão quando as entradas reabriram. O sistema utilizado na linha é o mesmo que pode colocar dois trens em rota de colisão na Linha 2-Verde, conforme a RBA revelou no mês passado: Controle de Trens Baseado em Comunicação (CBTC, na sigla em inglês).
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