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Chapéu
Luta internacional

CUT denuncia no Vaticano ataques do governo Temer

Linha fina
Vice-presidenta da Central alertou para os graves ataques aos direitos sociais e trabalhistas que caracterizam o golpe no Brasil
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Foto: Divulgação

São Paulo – Em discurso no Encontro Internacional de Organizações Sindicais, na sala Novo do Sínodo, na Cidade do Vaticano, a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmen Foro, falou sobre a realidade atual e os desafios do movimentos sociais e sindicais ante a globalização do paradigma tecnocrático e denunciou os ataques do governo ilegítmo de Michel Temer (PMDB-SP) aos direitos sociais e trabalhistas.

Segundo ela, no Brasil, a classe trabalhadora e a população mais pobre, que mais necessita de políticas públicas para sobreviver com o mínimo de dignidade, lida no momento com uma agenda de ataques à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ao direito à aposentadoria, à casa própria, saúde e educação e tantas outras conquistas que vêm sendo exterminadas pelo governo Temer.

“A sanha do mercado ultraneoliberal produziu um golpe parlamentar, com apoio da mídia e de parte do Judiciário, que derrubou uma presidenta legitimamente eleita, para implantar uma agenda que está acabando com os programas sociais, da reforma agrária e apoio à agricultura familiar, com a legislação de proteção aos trabalhadores/as e de combate ao trabalho escravo”, denunciou a vice-presidenta da CUT ao iniciar seu discurso na mesa sobre “História, realidade atual e desafios do movimento dos trabalhadores ante a globalização do paradigma tecnocrático”, realizada na manha de quinta-feira 23, em Roma.

Carmen lembrou as leis recentemente criadas para facilitar a venda de terras a grupos estrangeiros e permitir a privatização da água, da produção agrícola,  dos recursos naturais como o pré-sal  abundantes em nosso país e do congelamento por 20 anos dos recursos para a saúde e educação, entre outras áreas atingidas pelas medidas tomadas pelos golpistas que usurparam a Presidência da República no ano passado.

“Retrocedemos quase 100 anos. Falta apenas revogação da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no país em 1883!”, denunciou Carmen com indignação.

Carmen criticou também o uso dos avanços tecnológicos que “só servem para aumentar os lucros já obscenos das grandes corporações e o poder (dos empresários) de movimentar recursos por meio dos paraísos fiscais, sem pagar os devidos impostos aos países, que poderiam ser revertidos em benefícios para toda sociedade”.

Ela ressaltou que o progresso tecnológico trouxe avanços e conquistas como  empregos, progressos científicos que melhoraram a qualidade de vida da humanidade, “mas a apropriação dos seus benefícios sempre foi desigual”.

E citou pensamentos do Papa Francisco sobre o uso da política e da economia a serviço da vida, especialmente a vida humana, salientando que o movimento sindical do Brasil e do mundo concorda com Sua Santidade.

Em uma encíclica o Papa Francisco afirmou: “A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. (...) hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente a serviço da vida, especialmente da vida humana”.

E é neste sentido que a CUT luta por um mundo melhor e para todos, com justiça e inclusão social. Para ela, a defesa que o Papa faz dos direitos sociais fortalece a luta por um mundo melhor e mais justo, “um mundo capaz de proporcionar desenvolvimento sustentável, crescimento econômico, com distribuição de renda, inclusão e justiça social. Por um breve período de 13 anos pudemos experimentar e comprovar isso no Brasil”.

Carmen prosseguiu falando sobe a importância do avanço tecnológico ser incorporado à produção e ao cotidiano da população, garantindo benefícios aos  trabalhadores/as e a sociedade, não apenas ao dono da máquina ou da invenção. Sugeriu pontos para pensar o futuro do mundo do trabalho e encerrou pedindo ajuda ao Papa na luta dos movimentos sociais e trabalhistas. Veja a íntegra do discurso no site da CUT.

"Acredito que a Igreja Católica pode dar uma grande ajuda por meio de sua ampla rede espalhada em todos os países, contribuindo nesse processo de conscientização, mobilização, pressão e lutas que serão necessárias para a construção de um novo mundo com igualdade, justiça e inclusão social.”

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