20 de novembro é Dia da Consciência Negra. Embora seja feriado no estado de São Paulo e demais cidades brasileiras, é um dia de luta, de celebração e de reflexão.
Para o dirigente sindical e o coordenador do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Fernando Mattos, no Dia da Consciência Negra, não apenas honra-se a memória de Zumbi dos Palmares, mas também é um dia de se comprometer a enfrentar as persistências históricas de desigualdade que ainda permeiam a sociedade.
“O mês de novembro vem como um chamado para a conscientização da importância do debate racial em nosso país. Os impactos dos programas sociais sobre a parcela mais vulnerável da sociedade, a busca por equidade no mercado de trabalho, nas universidades, no bem-estar e toda e qualquer forma de convívio social, as quais devem ser pensadas e desenvolvidas em todos os dias do ano”, afirma.
Mattos também relembra que no setor financeiro há um déficit de negros e pardos ocupando cargos de chefia, nos principais postos dos bancos, além da desigualdade salarial para quem é negro retinto. Ele ainda reitera que mesmo o assunto sendo pauta na mesa de igualdade de oportunidades, a categoria bancária enfrenta essas questões não somente no mês da Consciência Negra, mas durante o ano todo. "Sabemos que ainda há muito o que avançar, mas não podemos desistir ou abrir mão dessa luta", diz.
Dados divulgados durante o VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado no início de novembro em Porto Alegre, de um total de aproximadamente 450 mil trabalhadores e trabalhadoras bancários, os negros ocupavam apenas 110 mil vagas. Em 2021, pretos e pardos representavam 20,3% da totalidade das ocupações relacionadas aos cargos de liderança na categoria bancária, enquanto que os brancos representavam 75,5% destes cargos”, critica.
A situação dos jovens negros no sistema financeiro também preocupa. “A juventude com até 29 anos, representava apenas 17,8% em sua totalidade. Dentre estes, apenas 31,6% eram negros e em maior número entre 18 e 24 anos. Isso mostra que a desigualdade salarial entre raças ainda persiste nos bancos e tem reflexo diretamente na vida dos jovens negros e pardos”.
Para Fernando, ainda há muito que avançar e não se pode abrir a guarda. “É preciso debater e enfrentar com seriedade os problemas sociais. Entender que o racismo estrutural existe e deve ser combatido. Enfim, muito ainda há de se avançar não só na categoria bancária como nos demais setores e os bancos devem assumir a responsabilidade social por emprego, distribuição de renda, desenvolvimento social e ambiental. Não basta apenas contratar atores negros para suas propagandas sem manter em seus quadros representantes da parcela da sociedade à qual tentam atingir. É preciso dar e oferecer condições de ascensão profissional”, finaliza.