Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Mobilização

Vagner Freitas exalta greve e confirma 1º de Maio na Paulista

Linha fina
Presidente da CUT afirma que Michel Temer quer acabar com política pública para aumentar venda de planos de previdências privadas e aumentar lucro dos banqueiros
Vídeo Youtube

São Paulo – O presidente da CUT, Vagner Freitas, defendeu na sexta 28, dia de greve geral em todo o país, que a reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer serve para atender aos interesses dos banqueiros, que financiaram o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. Isso por que, com o fim da previdência pública, os bancos poderão lucrar mais com a venda de planos privados de aposentadoria.

História chama e bancários novamente dizem: presente!
> Bancos pressionam, mas bancários resistem e aderem à greve

"Eles não estão preocupados em resolver o problema da Previdência, mas em acabar com a Previdência como política pública, porque os bancos querem vender previdência privada na boca do caixa. Eles vão inventar motivos. Quem financiou o golpe – e os banqueiros foram os maiores financiadores – agora querem o pagamento e o governo fará isso entregando o mercado da previdência privada no colo de banqueiros nacionais e internacionais", disse Vagner Freitas em entrevista à Rádio Brasil Atual, pela manhã.

Ele lembrou que a Previdência tem também o papel de assistência social, que garante, por exemplo, que os trabalhadores do campo possam permanecer no campo mesmo durante os períodos de entressafras. "Tratar o trabalhador rural igual ao urbano é uma violência contra o país", disse o sindicalista. "O mesmo para o funcionário público, que não tem direito a negociação coletiva. Ele precisa de um tratamento diferenciado porque é ele que atende a população nos serviços públicos e precisa fazer isso com qualidade."

"O Brasil precisa da Previdência como política pública", acrescentou Vagner, lembrando que o país atingiu número recorde de desempregados de 14,2 milhões, segundo dados do IBGE divulgados hoje. "O Estado que vai intervir para mediar as relações ou o mercado que fará isso definindo o que é importante para ele? Precisamos garantir que o Estado tenha para quem precise."

Para o presidente da CUT, a maioria da população concorda com a greve geral realizada em todo país por diversas categorias profissionais. "Quando a sociedade vai contra uma greve, até nos hostiliza, mas hoje estão dando parabéns para nós e dizendo: 'não quero perder meus direitos', 'esse governo já deu o que tinha que dar', 'não quero fazer bico, quero ter emprego' e 'quero minha carteira assinada'."

"Hoje nossos esforços são para parar a produção. O balanço mostrando queda na atividade econômica deveria ser manchete, e não o trânsito", afirmou, referindo-se à cobertura dada pela mídia tradicional à mobilização contra as reformas do governo Temer.

"Nosso principal adversário é a mídia golpista. Se não tivesse a Globo, a Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo não teria ocorrido o golpe. Os partidos tradicionais conservadores e o empresariado não conseguem nos enfrentar no debate político, então tiveram que encontrar aliados para financiar o golpe e fazer ele ser aprovado", disse Vagner. "Por isso, temos que fazer outro enfrentamento, que é a regulamentação dos meios de comunicação, como existe em qualquer lugar do mundo. Espero que (o ex-presidente) Lula volte em 2018 e essa seja uma das suas primeiras ações."

1º de Maio - Vagner Freitas confirmou que a central realizará seu ato de 1º de Maio na Avenida Paulista, região central de São Paulo, mesmo com a manifestação da prefeitura da capital contrária ao evento. "Não vamos permitir censura. Estávamos liberados porque solicitamos e fomos atendidos, porque temos o direito de fazer o 1º de Maio na Paulista. Nós vamos fazer com (João) Doria ou sem Doria".

A Secretaria de Comunicação da prefeitura paulistana informou, em nota, que a Regional da Sé "notificou a CUT sobre a impossibilidade de realização de um show de 1º de Maio que está sendo divulgado para a segunda 1º, na avenida Paulista". Afirma que a central não pediu autorização e que a iniciativa fere um termo de ajuste de conduta (TAC) assinado com o Ministério Público em 2007. E acrescenta que, em caso de descumprimento, a entidade está sujeita a multa, conforme a Lei 16.402, de 2016 (sobre uso e ocupação do solo no município).

O 1º de Maio na Avenida Paulista vai ser realizado pela CUT, CTB e Intersindical, com o apoio dos movimentos que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. "Tínhamos solicitado (o evento na Paulista), como manda o figurino", disse Vagner Freitas. "Nosso secretário-geral fez ofício solicitando a utilização da avenida Paulista, que é pública e que hoje virou um campo de debate na cidade. Isso tudo é comunicado para a Secretaria de Segurança Pública. Vamos chamar nossos artistas populares e todo movimentos social e a sociedade. Fizemos o combinado." 

Para o presidente da CUT, o prefeito quer criar um "factoide". "O que Doria está fazendo é o que ele quer: que a gente fique falando dele porque tem que criar um factoide. Não traga conturbação à cidade, prefeito. Você não pode ser agente da conturbação pública, apenas atenda e não crie para nós o constrangimento de ter que enfrentá-lo. Depois vai dizer que houve radicalismo da nossa parte, mas radicalismo é usurpar direitos na administração pública."

O prefeito também se manifestou contra a greve geral desta sexta-feira. Em entrevista pela manhã, chegou a chamar os manifestantes de "vagabundos". E elogiou a postura do subprefeito de Pinheiros (zona oeste), Paulo Mathias, que informou em rede social que dormiria no local de trabalho juntamente com funcionários para garantir a normalidade do expediente.

Outra central, a CSB, também enfrentou problemas na organização de seu evento para o 1º de Maio. De última hora, teve de mudar o local do Memorial da América Latina, na Barra Funda, região central, para o Sambódromo, no Anhembi, zona norte.

"A diretoria do Memorial da América Latina, órgão controlado pelo governo do estado de São Paulo, e a Polícia Militar criaram inúmeros empecilhos burocráticos para tentar evitar o 1º de Maio da CSB, achando que, com isso, evitariam um grande ato político dos trabalhadores contra as reformas que cortam os direitos trabalhistas e previdenciários", afirma a central, acrescentando que o ato reunirá "milhares de trabalhadores em uma única voz em repúdio aos neoescravagistas".

O secretário-geral da CSB, Álvaro Egea, disse que o contrato estava firmado há meses. "Não foi falta de cumprimento de contrato, nem de cumprir as exigências. Nesta semana, começaram a fazer exigências fora do razoável. Criaram dificuldades para inviabilizar o evento", afirmou. "Achamos que foi uma decisão política. O Memorial da América Latina é uma instituição de respeito. Nunca aconteceu um ato desses. Os próprios governos estão tomando atitudes não republicanas."

Morador de Guarulhos, na Grande São Paulo, ele avalia que houve "uma adesão extraordinária" à greve geral, nesta sexta-feira (28). "Os condutores (de ônibus) nem foram à garagem. E o fretamento também aderiu. Guarulhos parou", disse Álvaro. Segundo ele, uma escola tradicional do município, o Colégio Maia, também não teve atividades hoje. Ele lamentou apenas que, em muitos locais, a Justiça esteja concedendo interditos proibitórios para tentar coibir manifestações. "Apesar disso, é uma greve vitoriosa e que vai trazer mudanças no cenário político."

seja socio