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Chapéu
Reforma da Previdência

Governo engana também os rurais sobre aposentadoria

Linha fina
Propagandas com armadilhas estão sendo veiculadas com o intuito de ganhar apoio popular para as mudanças na legislação que retira direitos
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Foto: Arquivo ANPr/Fotos públicas

São Paulo – As propagandas do governo Temer a respeito da "reforma" da Previdência foram preparadas com várias armadilhas e omitem informações fundamentais para ganhar o apoio popular. Um dos grupos que pode estar sendo enganado é o dos trabalhadores rurais. Na propaganda, a informação é de que não serão afetados pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 287). A reportagem é da Rede Brasil Atual.

No entanto, trata-se de uma propaganda enganosa, afirma Edjane Rodrigues, secretária de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). "É mentira que os rurais estão fora dessa reforma da Previdência", afirma. "A emenda aglutinativa deixa muito clara a exigência da contribuição previdenciária mensal e individual para agricultores e agricultoras familiares. Esse é um dos principais pontos e, na nossa avaliação, exclui pelo menos 60% da agricultura familiar dos sistemas de proteção previdenciária", pontua Edjane. Hoje, a contribuição previdenciária dos agricultores familiares é feita com base em uma alíquota de 2,3% sobre a venda de sua produção.

Outro ponto destacado pela secretária da Contag se relaciona à elevação da idade de aposentadoria para os assalariados e assalariadas rurais. "A proposta prevê igualar com os urbanos, passando para 65 anos os homens e 62 as mulheres, o que significa um grande aumento de dificuldades de comprovação do tempo de trabalho, algo gerado inclusive pela descontinuidade dos contratos e pela alta informalidade, além da penosidade que essas pessoas enfrentam nas atividades rurais."

A Contag cita dados de 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, segundo a qual 44,2% da população brasileira ocupada começou a trabalhar antes dos 14 anos. No entanto, existe uma grande diferença entre trabalhadores urbanos e rurais em termos de ingresso no trabalho: enquanto 34% das mulheres e 45,3% dos homens que moram em áreas urbanas iniciaram antes dos 14 anos, no campo os índices chegam a 70,2% da população ocupada feminina e 78,2% da masculina.

Segundo Edjane, a entidade segue realizando um trabalho de mobilização e pressão sobre deputados e senadores. "Estamos dialogando com parlamentares dizendo que quem votar pela reforma da Previdência – e este é um ano eleitoral – está votando contra classe trabalhadora, e vamos dar a resposta à altura", afirma. "Se a gente não mantém uma política como a da Previdência Social, tão importante, que ajuda as pessoas a permanecer no campo, como vamos garantir que os jovens de hoje possam produzir com qualidade os alimentos colocados na mesa dos brasileiros?"

> Pressione os parlamentares pelo direito de se aposentar

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