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“Milhões morrerão sem aposentadoria”

Linha fina
Senadores criticaram em plenário a reforma da Previdência e outros retrocessos propostos por Temer
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Redação Spbancarios, com informações da Agência Senado
23/2/2017


São Paulo – Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Roberto Requião (PMDB-PR) fizeram duras críticas na quarta-feira 23 à reforma da Previdência (PEC 287/2016) e outros retrocessos nos direitos dos trabalhadores propostos pelo governo Temer.

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Durante seu pronunciamento, Randolfe afirmou que, caso aprovada, a reforma da Previdência tornaria o modelo de previdência pública brasileiro o mais “cruel e desigual” dentre todos os existentes no mundo. Para ele, a PEC 287/2016 é inconstitucional, uma vez que afronta direitos fundamentais previstos no artigo sétimo da Constituição.

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O senador ressaltou ainda que, com as novas regras, o limite de idade para aposentadoria será de 65 anos, o mesmo dos países da União Europeia, onde a expectativa de vida é de 80 anos, 20 a mais do que no Brasil. “Isso chega a ser uma piada de mau gosto. Milhões de brasileiros não alcançarão isso, morrerão e não chegarão à aposentadoria”, enfatizou Randolfe. 

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Crueldade – Por sua vez, Roberto Requião comparou a reforma da Previdência proposta por Temer à Lei dos Sexagenários, de 1885, conhecida também como Lei Saraiva-Cotegipe e Lei da Gargalhada, que libertava escravos com mais de 60 anos de idade. O senador explicou que, pela lei, esses escravos tinham a obrigação de trabalhar por mais três anos como indenização ao proprietário. Já o escravo com mais de 65 anos era dispensado do “trabalho extra”.

“O tempo passa, o tempo voa, nossas classes dominantes continuam numa boa. Como são insaciáveis, em sua crueldade, as classes dominantes! Pois não é que, 132 anos depois, produzem uma contrafação, um pastiche da Lei Saraiva-Cotegipe. Que é a reforma da Previdência. Como a Lei da Gargalhada, que não alcançava nenhum beneficiário vivo, a reforma da Previdência vai beneficiar trabalhadores quando eles não existirem mais”, enfatizou Requião em plenário.

O senador apresentou também o que denominou como roteiro da transformação do Brasil em um estado bárbaro e dependente pelo governo Temer: mão de obra barata e sem direitos trabalhistas, terceirização, reforma da Previdência, venda das reservas do pré-sal, privatização das companhias públicas de energia, água e saneamento, cancelamento de programas sociais, venda de terras a estrangeiros, entre outros.

“O que será depois? Venderemos o quê? Nossa água? Nosso ar? A casa da sogra talvez, o que mais?”, questionou o senador. 

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