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Chapéu
Massacre

Dez camponeses são assassinados no Pará

Linha fina
Presidenta da associação de trabalhadores rurais é uma das vítimas; movimentos da região afirmam que acampamento estava sendo alvo de mandado de reintegração de posse
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Foto: Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

São Paulo - Nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D'Arco, a cerca de 60 quilômetros da cidade de Redenção, sudeste do Pará, na quarta 24. De acordo com o integrante da Liga dos Camponeses Pobres (LCP-PA) Paulo Oliveira, entre os mortos está a presidenta da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pau D’Arco, além de outras 14 pessoas que foram baleadas. Ele destaca ainda, segundo matéria publicada pelo Brasil de Fato, que a fazenda foi grilada e pertence à família Babinsk.

As mortes ocorreram em função de uma ação das Polícias Civil e Militar. De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), as informações ainda são poucas, mas ela aponta que a ação policial contra os trabalhadores rurais ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda. "Nós só sabemos que a circunstância foi a de uma reintegração de posse, a qual, ao contrário das orientações do Tribunal de Justiça e da Ouvidoria Agrária Nacional, que dizem que quem deve cumprir as reintegrações de posse é o comando da PM (Polícia Militar) – do batalhão especial, que fica em Belém –, o juiz determinou que a polícia local cumprisse a ordem".  

Integrantes da CPT acompanham o caso.

Outra versão  Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) afirmou que a ação policial não se tratava de uma reintegração de posse e sim do "cumprimento de 16 mandados judiciais (prisão preventiva, temporária e buscas e apreensões)".

Ainda segundo o texto, policiais do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar e policiais civis de Belém se dirigiram ainda na quarta-feira para Redenção. A Corregedoria das Polícias Civil e Militar também foram para a cidade "para intensificar as investigações e reforçar a segurança".

A Segup afirma que serão divulgados os nomes das vítimas. Os corpos serão analisados pela polícia técnica paraense.

Massacre no campo  O ano de 2017 tem sido de massacre no campo brasileiro. Antes da chacina dessa quarta-feira, a CPT já havia mapeado 26 assassinatos decorrentes de conflitos. Em 2016 a violência no campo já bateu recorde: foram 61 assassinatos, 22% mais no comparativo com o ano anterior e o maior número desde 2003, quando foram registrados 73 homicídios. 

Ainda de acordo com os dados da CPT, no ano anterior foram registradas seis mortes no Pará. Com o massacre de Pau D'Arco, o número de mortes no estado chega a 17.

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