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Movimentos sindical e social na Cúpula dos Povos

Linha fina
Em plenária alternativa à Rio+20, lideranças elaboram documento com alternativas para um novo modelo de desenvolvimento, com justiça social e ambiental
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São Paulo - “A Cúpula dos Povos quer o oposto do que está sendo discutido nas reuniões oficiais da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Aqui a gente quer debater direitos”, disse Fátima Melo, uma das organizadoras do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos durante plenária Defesa dos Bens Comuns Contra a Mercantilização.

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A Cúpula dos Povos ocorre paralelamente à Rio+20, reunião entre chefes de delegações governamentais promovida pela ONU (Organiação das Nações Unidas) a fim de debater o desenvolvimento sustentável. Da Cúpula dos Povos sairão propostas alternativas a serem apresentadas em definitivo no dia 21.

A plenária Defesa dos Bens Comuns Contra a Mercantilização, noite de sábado 16, reuniu mais de 350 sindicalistas e representantes de movimentos sociais do Brasil e de vários países do mundo. Dentre eles, o presidente da CUT, Artur Henrique, e de movimentos como Via Campesina, Negro e Carta de Belém, além do o diretor geral do PNUMA (Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente), Achin Steiner.

Economia Verde - A maioria dos representantes da sociedade civil organizada reclamou do conceito de economia verde, Para eles, não é um projeto viável para o futuro porque as conseqüências são iguais às do atual modelo de desenvolvimento, que não valoriza o bem comum – água, ar, floresta, cidadão.

Steiner ficou surpreso com as críticas. Segundo ele, a ONU fez um relatório que contém vários exemplos positivos de iniciativas relacionadas a economia verde. Ele, porém, admitiu que alguns deles não se sustentarão no futuro.

Artur Henrique ressaltou que o foco não pode fugir dos três pilares do desenvolvimento sustentável: social, ambiental e econômico. ele lembrou que, segundo a própria ONU, nos últimos 20 anos o mercado foi incapaz de resolver a questão do desenvolvimento sustentável que leve em consideração a justiça social e ambiental.

Segundo Artur, não é possível ter um modelo de desenvolvimento que mercantiliza o ar, a terra, a água. Para ele, economia verde pressupõe mudança de modelo de produção, consumo e distribuição, também pressupõe trabalho decente, igualdade entre homens e mulheres e isso tem de estar no documento final da Rio+20.

“A transição de um modelo para outro exige justiça social e ambiental. Essa transição justa tem de ser bancada com a criação de um imposto sobre transações financeiras, um amplo sistema de proteção social, trabalho decente, fim dos paraísos fiscais, participação da sociedade na construção do modelo, na implementação, fiscalização, ou seja, participação e negociação passo a passo. Para isso, o documento tem de conter metas, compromissos e punições”, afirmou o presidente da CUT.

Propostas - Na plenária “Trabalho, por Outra economia e Novos Paradigmas de Sociedade”, na tarde de domingo 17, a coordenação destacou entre os eixos de luta o combate ao trabalho escravo, inclusive no âmbito doméstico, a definição de outra relação com a natureza e o fim da financeirização dos recursos naturais. Os militantes também querem acabar com a criminalização dos movimentos sociais e propuseram a construção de formas de organização que não repitam o formato do atual modelo econômico.

A plenária da Cúpula dos Povos também cobrou regras internacionais para o mundo corporativo promover direitos humanos e socioambientais, com sanções para empresas e diretores dos grupos que não as cumprirem. O rompimento do vínculo com lobistas, tão presentes nos encontros da Organização das Nações Unidas (ONU), e o crescimento da participação da sociedade civil também foram contribuições citadas na mesa.

A necessidade de criar outra definição para a chamada economia verde também ganhou destaque, já que o termo é utilizado por quem deseja apenas pintar o capitalismo de uma cor diferente.


Redação, com informações da CUT

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