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Release: Sindicato: bancos querem aproveitar a pandemia para retirar direitos

Linha fina
Campanha Nacional Unificada tem como desafio esse ano a manutenção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), com os direitos; home office entra na pauta com os bancos
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São Paulo, 18/07/2020 –  A categoria bancária definiu neste sábado (18), os itens da Campanha Nacional que serão entregues à Federação dos Bancos (Febraban) no dia 23 de julho.

Entre as prioridades apontadas estão a manutenção dos direitos adquiridos, defesa do emprego, defesa da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) válida para toda a categoria (independentemente do nível salarial), ganho real nas cláusulas econômicas, mesa única de negociação com os bancos (com bancos públicos e privados) e a defesa dos bancos públicos. 

“Nossa categoria é referência para os trabalhadores. E os bancos são o setor mais lucrativo da economia, com rentabilidade crescente nos últimos anos. A rentabilidade dos cinco maiores bancos (Bradesco, Itaú, Santander, Caixa e BB) é de cerca de 20%, isso significa que a cada cinco anos o lucro dos bancos é capaz de dobrar o patrimônio dessas instituições. E, mesmo com a economia estagnada, os bancos retomaram sua rentabilidade a um patamar mais alto que em 2014. Ou seja, continuam aumentando seus lucros, com alta rentabilidade sendo dividida somente para seus acionistas, sem se preocupar com redução de tarifas para os clientes e a valorização de seus trabalhadores", disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. "Os bancários, mesmo com a pandemia, avançou e manteve os trabalhadores em Home Office, realizamos assembleias e Congressos eletronicamente e agora vamos fazer uma campanha forte e combativa virtualmente. Temos muitos desafios esse ano, entre eles lutar por condições adequadas para os trabalhadores no teletrabalho”. 

A definição da pauta final de negociação começou no início do mês de junho, com a consulta aos bancários e os debates nas conferências estaduais. Durante a 22ª Conferência Nacional, em São Paulo, cerca de 635 delegados que representam trabalhadores de bancos públicos e privados de todo o país definiram os itens para a Campanha Nacional Unificada 2020. 

O acordo de 2018 foi fechado por dois anos, com reajuste de 5% (aumento real de 1,31%) em 2018 e 1% de ganho real em 2019 para salários e demais verbas, e garantia de manutenção de todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) válida para todos os empregados de bancos públicos e privados em todo o Brasil. A data-base da categoria é setembro.

Participaram delegados eleitos em assembleias realizadas pelos sindicatos em todo o estado nas conferências regionais preparatórias.

Pesquisa Home Office - Em consulta realizada com mais de 11 mil bancários de todo Brasil ficou claro que a categoria vem enfrentando muitas dificuldades com o trabalho em Home Office. A minoria dos bancários possui em sua residência um escritório para realizar o trabalho, sendo que os demais realizam o trabalho de forma improvisada, no quarto, na sala ou até mesmo na cozinha. Além da falta de estrutura de trabalho, os bancários informaram que suas contas de consumo aumentaram durante o Home Office e, para as mulheres e as pessoas com filhos em idade escolar tem sido mais difícil conciliar o trabalho em casa com afazeres domésticos e a relação com familiares. 

Tecnologia - Entre as prioridades está a defesa dos empregos diante do impacto das novas tecnologias no setor financeiro que investe R$ 25 bilhões ao ano em TI, fazendo com que 63% das transações financeiras sejam realizadas em canais digitais, o que garante aos bancos enorme redução de custos administrativos e com força de trabalho, sem que esse lucro seja dividido com trabalhadores e clientes.

Lucro dos bancos – Mesmo em um cenário econômico de grave crise, o lucro dos bancos segue batendo recorde. Em 2019, o líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), atingiu a marca de R$ 108 bilhões, o que representou aumento de 30,3% nos doze meses. Somente no primeiro trimestre de 2020 o lucros dos bancos somou R$ 18 bilhões.

 Empregos - Entre janeiro de 2013 e dezembro de 2019 houve redução de 70 mil postos de trabalho, no país. Em doze meses (1 trim de 2019 a 1 trim de 2020) já foram fechados 11,5 mil postos de trabalho nos cinco principais bancos do país.  

Dados da Categoria - Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São cerca de 453 mil bancários no Brasil, sendo 130 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. A categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2017 de 23% e 45% no piso.

 

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