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Chapéu
Diversidade

Dia da Visibilidade Lésbica: uma data para lembrar conquistas e lutar por diretos

Imagem Destaque
Arte em desenho mostra um casal de lésbicas enrolado na bandeira da visibilidade lésbica, atrás delas, um coração azul e um fundo amarelo

O Dia da Visibilidade Lésbica é celebrado nesta terça-feira 29 de agosto. Nesta data, em 1996, ocorreu o primeiro Senale (Seminário Nacional de Lésbicas). Outra data importante no mês é do Orgulho Lésbico, no dia 19, que marca o chamado “Stonewall Brasileiro”, histórica manifestação contra a repressão e pelos direitos das mulheres lésbicas, ocorrida em 1983 no Ferro’s Bar, em São Paulo.

Mônica Akemi, membro do coletivo LGBTQIA+ do Sindicato dos Bancários de São Paulo, e bancária do Bradesco, avalia que houve avanços desde que a data foi instituída.

Ela cita a menção à orientação sexual na Lei Maria da Penha, o casamento civil e o amparo legal à reprodução assistida. Mas ressalta que não deve ser esquecido que uma pessoa LGBTQIA+ morre a cada 32 horas no Brasil de maneira violenta, segundo dados de 2022 do dossiê do Observatório de Mortes e Violência contra LGBT+.

“É um dia para lembrar das conquistas, mas também para lutar por mais direitos e, principalmente, pelo direito de ser e de existir em uma sociedade machista que ainda discrimina as lésbicas. Por conta desse estigma, o 29 de agosto busca o reconhecimento social, a garantia dos seus direitos e a luta pelo fim da violência contra a mulher lésbica. Segundo poucos levantamentos a respeito, cresce a cada ano o número de lesbocídios – assassinatos e abusos que levam a mulher lésbica à morte.”

Mônica Akemi, membro do coletivo LGBTQIA+ do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Bradesco

Apesar de escassos, os levantamentos sobre a questão preocupam. Dados publicados na pesquisa de Isabella Vidral Pinto em 2020 mostram que, no período de 2015 a 2017, foram registradas 24.564 notificações de violências contra a população LGBT+ no Brasil.

Do total, 46,6% eram transexuais ou travestis e 32,6% lésbicas. Ou seja, a lesbofobia ocupa a segunda posição em registros de violências, mas esse dado não tem sido o suficiente para o planejamento, a implementação ou efetivação de políticas públicas e sociais específicas para o apoio às vítimas, punição de agressores e prevenção das violências lesbofóbicas.

Nos bancos

A Campanha Nacional dos Bancários 2022, garantiu cláusulas específicas em respeito aos trabalhadores e trabalhadoras LGBTQIA+. Mônica ressalta que a categoria bancária foi a primeira a conseguir a inclusão, em Convenção Coletiva de Trabalho, dos mesmos direitos para casais hétero e homoafetivos.

>Saiba como se sindicalizar no Sindicato dos Bancários

“Temos também o Projeto Basta!, que oferece assessoria jurídica e psicológica gratuita para pessoas que sofrem homofobia, bancários ou não. Inclusive no mês passado eu indiquei para uma colega que sofreu homofobia com a esposa dentro de um supermercado, e ela teve todo apoio necessário”, conta a diretora do Sindicato.

Apesar dos preconceitos e da violência na sociedade expressa pelos fatos, uma bancária do Itaú afirma não ter sofrido discriminação no banco por ser lésbica. Ela, contudo, lamenta não ver tantas mulheres lésbicas em cargos de gerência e diretoria como desejaria.

“Sabemos que ainda existem áreas e pessoas conservadoras dentro do banco. Eu sou uma exceção, trabalhei desde muito nova, sempre no administrativo, com funcionários já inclusos na cultura da diversidade presente dentro do banco e, mesmo assim, ainda há os que se surpreendem. Agora imaginemos que deva ser muito mais complicado para quem está na linha de frente nas agências, por exemplo.”

Para a bancária, somente a união e o apoio poderão mudar a realidade atual de uma sociedade preconceituosa e patriarcal, para um lugar onde as mulheres lésbicas têm vez e voz.

“Devemos pensar no futuro que queremos, construindo o agora, para que lá na frente quando, outra mulher lésbica ingressar nas instituições financeiras, no mundo corporativo, não tenha medo de ser invisibilizada ou oprimida, mas que tenha certeza que terão outras mulheres lá dentro como ela, e que ela pode ocupar o cargo que sonhar, sendo quem ela é.”

“Nem tudo é fácil, mas já avançamos muito quando a questão é diversidade, por isso devemos falar sobre a diversidade sempre, celebrar a diferença, devemos ocupar nossos cargos com orgulho de sermos quem somos, devemos combater qualquer tipo de preconceito e prestar suporte para outras mulheres lésbicas”, afirma.

Canais de denúncia

Denúncias de casos de lesbofobia, outras formas de LGBTfobia ou violência contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos ou qualquer pessoa vulnerável, podem ser feitas pelo Disque 100, pelo portal do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, ou pelo 190, telefone da Polícia Militar.

Denúncias de violência domésticas também podem ser feitas pelo Projeto Basta! Não irão nos calar! As denúncias podem ser realizadas via Whatsapp, por meio do 11 97325-7975, no qual a vítima de violência pode falar em poucos minutos com uma advogada.

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