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Qualidade de vida em São Paulo deixa a desejar

Linha fina
Pesquisa indica que percepção sobre bem-estar na maior cidade da América do Sul melhorou, mas ainda é negativa em vários aspectos
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São Paulo – A cidade de São Paulo chega aos 461 anos, completados no domingo 25, com uma população ainda bastante insatisfeita com sua qualidade de vida. É o que mostra os dados da sexta edição da pesquisa Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), uma parceria da ONG Rede Nossa São Paulo e FecomercioSP.

A pesquisa avaliou temas objetivos sobre as condições de vida na cidade, como transporte, saúde e educação, e também questões subjetivas, como sexualidade, espiritualidade e lazer. Apenas quatro das 25 áreas abordadas tiveram notas acima da média: Relações Humanas (6,1); Religião e Espiritualidade (5,9); Trabalho (5,8); Tecnologia da Informação (5,7%). Por outro lado, as cinco áreas com pior avaliação foram Transporte/Trânsito-mobilidade (4,1); Acessibilidade para pessoas com deficiência (3,9); Desigualdade Social (3,8); Segurança (3,8); e a pior nota de todas foi para Transparência e Participação Política (3,1).

“Cabe uma ressalva: apesar de ainda mal avaliada, a percepção da população melhorou sobre todos os itens relativos à área de mobilidade urbana, principalmente no que diz respeito a tempo de espera de ônibus, tempo de deslocamento e ciclovias”, destacou Márcia Cavallari, executiva do Ibope, instituto que realizou a pesquisa.

Foram ouvidos 1.512 moradores de São Paulo com mais de 16 anos, entre 24 de novembro de 8 de dezembro. A margem de erro é de três pontos percentuais.

> Veja a íntegra da pesquisa

Para o coordenador-geral da Nossa São Paulo, apesar dos problemas reais e dessa visão negativa dos paulistanos, a população tem motivos para comemorar o aniversário da cidade. “São Paulo está mudando de rumo, com a prioridade para o transporte coletivo ao invés do particular, com o aumento da participação diante da criação de diversos conselhos, com a aprovação do Plano Diretor que aponta para a diminuição das desigualdades e com a ampliação da possibilidade de investimentos após a renegociação da dívida do município com a União.”

Mas também tem muito com que se preocupar: “A crise da água é um problema anunciado há muito tempo e agora estamos diante da tragédia iminente e o que é pior, sem plano B e sem transparência.”

Privado x público – Para o professor de Ética e Filosofia Política da USP Renato Janine Ribeiro, os dados apontam para uma situação preocupante, em que as áreas mais bem avaliadas correspondem às da vida pessoal, e as piores são as que se relacionam com a vida em sociedade. Não à toa, nesse contexto a política é a área mais mal avaliada. “Há uma grande dificuldade em lidar com a política e parece haver algo de muito brasileiro nessa dificuldade de sairmos do limite pessoal para estabelecer laços com o coletivo”, disse o professor durante a palestra de avaliação dos resultados da pesquisa, lançada na quinta-feira 22, no Teatro Raul Cortez (Bela Vista).

Política – Presente ao lançamento da Irbem, o prefeito Fernando Haddad também demonstrou preocupação com a forma como os paulistanos avaliam a política e as instituições, e destacou o papel da mídia nessa percepção negativa. “É preciso encontrar um caminho para que o cidadão comum consiga distinguir os bons dos maus políticos, mas os meios de comunicação não ajudam a separar o joio do trigo. São prisioneiros do imediatismo, da cobertura do dia, e não conseguem se aprofundar em nenhum tema.” E defendeu: “Temos de resgatar a dignidade da atividade política”.

Haddad disse ainda que para que melhorias feitas pelo poder público sejam percebidas pela população é preciso que o cidadão participe e se “aproprie” dessas mudanças. E chamou a atenção para os problemas de comunicação na maior cidade da América do Sul. “Na nossa gestão ampliamos os conselhos de participação popular, mas o que são milhares de conselheiros diante de 12 milhões de habitantes?”

O prefeito também destacou a avaliação negativa sobre o combate à corrupção, apontada na pesquisa. “Criamos uma controladoria, mas a percepção de combate à corrupção não melhorou. Pelo contrário: se alguém vai preso, as pessoas ficam com impressão pior ainda. Ou seja, se você combate e escancara, paga o preço dessa transparência.”

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Andréa Ponte Souza – 22/1/2015
 

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