São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo anunciou na sexta-feira 20 um pacote de medidas para tentar conter a onda de ataques a caixas eletrônicos no estado. Somente este ano já foram registrados 27 ocorrências, com uso de explosivos, na capital e Grande São Paulo.
Entre as principais medidas estão: escolta dos veículos que transportam explosivos, instalações de dispositivos de segurança nos caixas e mapeamento dos caixas eletrônicos. O pacote foi divulgado após reunião entre o secretário Alexandre de Moraes, representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o Exército.
“Lamentavelmente os trabalhadores, representados pelo movimento sindical, não foram convidados a participar deste debate”, critica o secretário Jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo. “Temos propostas que contribuiriam no combate a essa modalidade de violência como, por exemplo, implantação de portas e vidros blindados na fachada das agências e a responsabilização legal dos bancos pelos casos de violência, já que investem pouco em segurança bancária e infelizmente não existe legislação que penalize diretamente as instituições financeiras por casos como esses”, ressalta o dirigente.
Segundo dados apurados pelo Dieese com base nos balanços publicados, os cinco maiores bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa e Santander) apresentaram lucros de R$ 60,3 bilhões em 2014. Já as despesas com segurança e vigilância somaram R$ 3,7 bilhões, o que representa média de 6,1% em comparação com os lucros auferidos.
Ações – De acordo com a SSP, o Exército vai obrigar que as empresas que transportam explosivos para pedreiras e construções contratem escolta particular para levar os produtos. Há registros de roubos a esses materiais quando eles são transportados.
Outra medida anunciada é o mapeamento dos locais onde estão todos os caixas eletrônicos. Atualmente a polícia não tem essa informação. Os bancos se comprometeram a entregar um mapa, de modo a facilitar o trabalho de inteligência policial.
Também foi anunciada a criação de um cronograma para instalação de dispositivos de segurança em caixas eletrônicos que estejam em áreas consideradas críticas. Os locais não foram divulgados, mas a ideia é que o mecanismo manche notas de dinheiro e solte fumaça se a máquina for danificada ou explodida.
Durante a reunião, a Febraban se comprometeu a instalar em 100% dos caixas eletrônicos mecanismos que previnam os furtos – como esses emissores de fumaça e dispensadores de tintas para manchar e inutilizar as notas obtidas pelos criminosos.
Esses mecanismos – chamados tecnicamente de “ofendículos” – também incluem a adoção de placas especiais que dificultam o arrombamento e a afixação de explosivos pelos criminosos.
Além das medidas, o secretário Alexandre de Moraes anunciou que vai se reunir, na quarta-feira 25, com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em Brasília, para entregar um projeto de lei que prevê aumento de pena em casos de furtos envolvendo explosivos. “Um crime dessa natureza não pode ser tratado como furto comum, pois coloca em risco a vida de outras pessoas”, destacou o secretário.
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Redação, com informações da Contraf-CUT – 24/2/2015
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Movimento sindical não foi convidado a participar de reunião entre Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, Exército e Fenaban; ações foram consideradas insuficientes para representantes dos trabalhadores
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