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Milhares foram às ruas contra o golpe

Linha fina
Cerca de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista contra o impeachment da presidenta Dilma, em defesa da democracia, pela saída de Eduardo Cunha e por mudanças na política econômica do governo federal. Trabalhadores caminharam até a Praça da República, em uma quarta-feira para entrar na história
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São Paulo – Na luta contra a ditadura civil militar, os bancários estavam lá. Nas Diretas Já!, os bancários estavam lá. No Fora Collor, também foram decisivos. Agora, o dia 16 de dezembro também entra para a história na luta em defesa da democracia. Não vai ter golpe! Cerca de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista, em São Paulo, e seguiram até a Praça da República numa lição de cidadania.

A marcha foi em defesa do mandato da presidenta Dilma Rousseff, mas com duras críticas aos ajustes fiscais que só penalizam os trabalhadores. Além da defesa da democracia, o ato exigiu a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de processo no Conselho de Ética da Câmara.
> Fotos: confira imagens da manifestação
Após cerca de três horas de manifestação, motivo para comemorar: decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou o afastamento de Cunha da Câmara.

“O voto é muito importante porque é onde o povo decide democraticamente. A soberania do voto popular tem de ser respeitada. O Legislativo não pode tirar um governante só porque está insatisfeito ou por interesses escusos, como está acontecendo, para poder implementar uma agenda contrária aos interesses da maioria. Só se pode fazer o impeachment em caso de crime e a presidenta Dilma Rousseff não cometeu crime, portanto o que há é um golpe contra a democracia", destacou a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. "Também cobramos mudanças no governo da presidenta Dilma, somos contrários à política econômica em curso. As altas taxas de juros tiram recursos da sociedade para os bancos e rentistas. Queremos investimentos e geração de emprego."

> Ato contra golpe foi marcado pela diversidade 

O ato foi promovido pelos movimentos sindical, social e intelectual e reuniu pessoas de todas as profissões, idades, raças. “Essa manifestação acaba de enterrar o Cunha e o golpe do Cunha. Além disso, estamos dando à presidenta um recado: que estamos com ela e ela vai conseguir concluir seu mandato. Mas também estamos aqui para dizer que queremos a Dilma que elegemos. Aproveitando que vai o Cunha, pode ir também o Levy. A agenda do Brasil não é a do [Paulo] Skaf [presidente da Fiesp que se manifestou a favor do impeachment]. A agenda do Brasil necessita acabar com o 'segundo turno', e voltar a colocar o país nos trilhos do desenvolvimento”, manifestou o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas.

“Os golpistas a favor do impeachment são os mesmos que querem acabar com a Previdência, querem a terceirização sem limites e querem acabar com os direitos das minorias”, completou o dirigente.

O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que a manifestação já era vitoriosa pelos recados que estava passando. “O impeachment é a tentativa de uma saída à direita para esse país". E ainda mandou um recado ao governo federal: “Ser contra o impeachment não significa defender a política econômica de Dilma. Somos contra o ajuste fiscal e contra os cortes de direitos trabalhistas. Dilma precisa entender que quem está aqui contra o impeachment não é banqueiro, é trabalhador. Ela precisa e entender esse recado.”

O movimento estudantil também marcou presença no protesto. “Os estudantes sempre estiveram ao lado da legalidade e da democracia. A UNE tem autoridade para falar de impeachment, porque fomos para rua, os cara-pintadas, e fomos fundamentais para o impeachment do Collor. Mas Collor tinha acusações graves e firmes de corrupção. Não a presidenta Dilma. Por isso estamos na rua de novo: para dessa vez lutar contra o impeachment e a favor da democracia e da legalidade. Não vamos compartilhar com Cunha e sua chantagem”, discursou a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral. Ela também criticou a postura do governo com suas medidas econômicas. “Estamos em um momento complexo da conjuntura política que está aprofundando a crise econômica. O ajuste fiscal precisa mudar para que não caia nas costas dos mais pobres, e isso deve ocorrer com uma reforma tributária que implante um imposto progressivo, com a aprovação da CPMF e outros dispositivos para taxar os mais ricos”, concluiu.

As manifestações ocorreram simultaneamente em 24 estados e no Distrito Federal. Não houve nenhum confronto e todos os atos foram pacíficos. As mobilizações em defesa da democracia prosseguirão até que o processo de impeachment seja definitivamente encerrado.


Redação – 17/12/2015
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