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Novos indícios reforçam pedido de CPI dos trens

Linha fina
PF detém e-mail enviado a ex-secretário de transportes tucano por suspeito de intermediar propinas do cartel de trens; MPE pediu suspensão de contratos no Metrô
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São Paulo – Surgiram nesta semana novos indícios de conexões entre dirigentes do alto escalão do PSDB e suspeitos de integrar o esquema de corrupção entre empresas multinacionais e as estatais de transporte ferroviário Metrô e CPTM.

O jornal O Estado de S. Paulo divulgou na quarta-feira 4 que a Polícia Federal detém a cópia de um e-mail cujo conteúdo mostra que Jorge Fagali Neto, apontado como intermediador de propinas do cartel de trens e lobista da multinacional francesa Alstom, deu diretrizes ao tucano Aloysio Nunes Ferreira sobre como o governo estadual deveria agir no setor metroferroviário. Em 2006, data do e-mail, Aloyisio Nunes Ferreira era coordenador da campanha de José Serra (PSDB) ao comando do Estado.

Suspensão – Na terça feira 3, também de acordo com o Estadão, o Ministério Público (MP) paulista pediu a suspensão imediata de dez contratos de reforma de 98 trens do Metrô de São Paulo. Para o MP, os contratos que totalizam R$ 2,5 bilhões estão com vício de ilegalidade. A recomendação administrativa foi entregue ao Metrô, que tem 30 dias para apresentar providências. Os contratos foram assinados entre os anos de 2008 e de 2010.

> "Escândalo total' e prejuízos em reforma do Metrô

Luiz Claudio Marcolino, deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores e ex-presidente do Sindicato, comenta que as novas evidências reforçam os argumentos para a instauração de uma CPI na Assembleia Legislativa. Ainda são necessárias as assinaturas de quatro deputados estaduais para emplacar a CPI.

“Essa sequência de notícias aponta o envolvimento de agentes políticos e públicos no esquema do pagamento de propina da Siemens e da Alstom para a compra de equipamentos para a CPTM e o Metrô. Por isso continuamos insistindo na instauração da CPI para que se possa quebrar os sigilos fiscal e telefônico dos envolvidos”, afirmou o líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Ex-secretário – Fagali foi secretário de transportes do governo de Luiz Antonio Fleury Filho, em 1994, sucedendo no cargo justamente Aloysio Nunes, que assumiu a pasta entre 1991 e 1993. Ou seja, Fagali e Aloysio se conhecem “há muitos anos”, nas palavras do próprio senador tucano, segundo quem o e-mail de 2006 foi apenas um “alerta de um amigo” sobre a situação do setor metroferroviário naquele momento.

Atualmente, Fagali é um dos 11 indiciados pela Polícia Federal por suspeita de ilegalidades envolvendo contratos da Alstom com o governo estadual. Os investigadores afirmam que o lobista cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele nega, mas está com os ativos bloqueados na Suíça. São US$ 6,5 milhões travados pela Justiça do país europeu por suspeita de lavagem de dinheiro.

O irmão de Jorge Fagali Neto, José Jorge Fagali, foi escolhido por Serra para presidir o Metrô entre 2007 e 2010.

E-mail – No e-mail, Fagali sugeriu que Aloysio acionasse o Banco Mundial para angariar recursos para a Linha 4-Amarela do Metrô. “Para a linha 4, acredito ser possível um aditamento ao contrato do Banco Mundial”, escreveu o consultor no e-mail.

Em abril de 2008, no segundo ano da gestão Serra, o governo assinaria com o Banco Mundial, conforme sugerido pelo consultor, um aditamento de R$ 95 milhões ao contrato de R$ 209 milhões de 2002 para a construção da Linha 4-Amarela do Metrô.

O dinheiro extra foi usado para obras de ampliação da linha e aquisição de equipamentos, como trens e trilhos. Responsável pela construção da Linha 4, o consórcio Via Amarela tinha entre seus sócios a Alstom. A multinacional francesa forneceu toda a infraestrutura dessa linha do Metrô, como sistema de alimentação de energia e sistemas de controle e de comunicação.

Denunciante – O e-mail de Fagali ao tucano chegou às mãos da Polícia Federal por meio de Edna da Silva Flores, sua ex-secretária pessoal entre 2006 e 2009.

Em depoimento, Edna declarou que “Fagali trocava e-mails com Aloysio Nunes acerca de licitações do Metrô em SP” e que era amigo de outros políticos, como Serra. Ainda segundo relato de Edna , Fagali era “muito amigo” do tucano. “Jorge Fagali Neto (...) viajou com Serra para o Japão com a finalidade de tratar de assuntos financeiros do Metrô de São Paulo”, disse no depoimento anexado aos autos da polícia.


Redação, com informações do Estado de S. Paulo – 6/12/2013
 
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