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Não adoecer em decorrência do trabalho é direito do trabalhador

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Imagem remetendo ao Dia em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho

Esta quinta-feira, 28 de abril, é o Dia em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. A data - instituída por ocasião da morte de 78 trabalhadoras na explosão de uma mina no estado norte-americano da Virginia em 28 de abril de 1969 - ganha ainda mais simbolismo para a categoria bancária e para todo o conjunto dos trabalhadores em 2022, após dois anos de uma pandemia que vitimou mais de 663 mil brasileiros. 

"Neste Dia em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, o Sindicato presta a sua homenagem a todos os colegas vítimas da Covid-19 e seus familiares. O atendimento bancário foi considerado serviço essencial durante a pandemia e os bancários estiveram na linha de frente nas agências, expostos ao risco de contaminação. Foram registrados pelo Sindicato diversos CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) por Covid-19 para bancários que atuaram na linha de frente. Os bancários e todos os brasileiros foram vítimas da trágica gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro. Faltaram testes, a vacinação atrasou, o próprio presidente teve uma postura extremamente negacionista”

Valeska Pincovai, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato,

“Neste contexto de completo descaso do governo federal, o Sindicato atuou de forma firme para manter o máximo de bancários em trabalho remoto, buscou especialistas, cobrou medidas de prevenção dos bancos e fiscalizou protocolos, além de promover uma grande campanha pela vacinação da categoria”, lembra a diretora do Sindicato. 

Home Office

De acordo com a dirigente, o teletrabalho, que foi fundamental para preservar a vida de milhares de bancários na pandemia, não reduziu a cobrança por metas. “Pelo contrário. Os bancos aumentaram a pressão, o assédio continuou. Entendemos que é necessária uma regulamentação que contemple questões de saúde e condições de trabalho em home office”, avalia. 

Adoecimento

Valeska lembra ainda que na categoria bancária tem crescido os diagnósticos por Burnout, o esgotamento relacionado ao trabalho, e outras enfermidades psicológicas. “A grande maioria dos bancários que nos procuram tem depressão ou ansiedade. Boa parte com diagnóstico de Burnout. Isso é resultado da gestão dos bancos, centrada na cobrança abusiva por metas. Uma pressão absurda e ininterrupta que adoece o trabalhador”, relata. 

"Ainda temos muitos bancários adoecidos por conta de lesões de esforço repetitivo, as chamadas LER/Dort, mas estas foram superadas na categoria bancária nos últimos anos por enfermidades psicológicas. Cerca de metade dos bancários que nos procuram ,não conseguem benefício do INSS.  Dos bancários que conseguem, 60% possuem doenças decorrentes do trabalho, mas o INSS reconhece poucos casos como doença do trabalho. Por isso, é importante que o bancário adoecido procure o Sindicato para buscar todas as orientações e a emissão da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho)”, orienta a dirigente.

MP 1.113 

Ao invés de atuar para reduzir as filas no INSS e amparar os trabalhadores adoecidos, o governo federal tem instituído medidas que dificultam a concessão de benefícios. Uma delas é a MP 1.113, publicada em 20 de abril, que autoriza uma operação pente-fino em todas as aposentadorias e benefícios pagos após perícia médica, independentemente da época em que foram concedidos. A medida provisória também transfere ao trabalhador, incapacitado e fragilizado na sua saúde, o ônus de conhecer todos os requisitos e documentos necessários no momento de requerer seu benefício ao INSS.

“A MP 1.113 é mais um ataque do governo federal aos trabalhadores. Com a medida, quase 900 mil pessoas, ao menor indício de suspeita ou mesmo denúncia sem provas, poderão ter seus benefícios colocados em risco, pois precisarão passar por nova perícia. Ao contrário do que alega, que a MP é para agilizar os processos no INSS, o governo está atuando para desamparar o trabalhador adoecido e inflar ainda mais a fila do INSS, que hoje já conta com 487 mil trabalhadores”, diz Valeska.

Saúde não se vende

Por fim, a secretária de Saúde do Sindicato reforça que o trabalhador bancário não vende sua saúde para o banco, e sim a sua força de trabalho. 

“As causas do adoecimento dos bancários são bem conhecidas: sobrecarga de trabalho, pressão abusiva por metas, constante ameaça de perda do emprego, assédio moral. E, quando o trabalhador adoece, o banco o discrimina. Neste 28 de abril, Dia em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, orientamos todos os bancários e bancárias a não trabalharem doentes, que não escondam sua condição de saúde, que contem sempre com o Sindicato na defesa do direito de não adoecer em decorrência do trabalho. Também é muito importante que o trabalhador fortaleça Sindicato, faça a sua sindicalização, pois assim temos mais força para combater as causas do adoecimento na categoria e cobrar melhores condições de trabalho. Afinal, nós vendemos nossa força de trabalho para o banco, e não a nossa saúde”, conclui Valeska.

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