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Sindicato participa do Febraban Tech e reforça: uso da tecnologia não pode ignorar o social

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Foto do auditório onde ocorreu o Congresso Febraban Tech

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e a Faculdade 28 de Agosto participaram do Congresso de Tecnologia Bancária – Febraban Tech, que aconteceu na capital paulista, entre os dias 27 e 29 de junho.

O evento contou com a participação de diversos representantes das instituições financeiras, fintechs e várias empresas da área de tecnologia. 

O setor bancário se destaca como um dos que mais tem investido em tecnologia no Brasil. Em 2022, atingiu a marca de aproximadamente R$ 35 bilhões em recursos voltados para a área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.

A programação do congresso teve ampla diversidade de temas que refletem um panorama de possibilidades de atuação no mercado financeiro cada vez mais digital e sintonizado com as inovações tecnológicas disruptivas, ou seja, impactantes, que mudam comportamentos na sociedade.

Dentre os principais assuntos tratados, podemos citar: inteligência artificial, open finance, Pix e meios de pagamento, tokenização e ativos digitais, real digital, computação em nuvem, metaverso, cibersegurança, automação, ESG, fintechs dentre outros.

A Inteligência Artificial Generativa foi um dos temas mais abordados nas palestras e rodas de conversa. Trata-se de uma tecnologia com capacidade de aprendizado, o chamado aprendizado de máquina. A IA Generativa tem por base o uso extensivo de dados manipulados em modelos algoritmos e estatísticas e, a partir disso, pode gerar novos dados que, segundo os expositores, podem ser utilizados pelo setor financeiro para melhorar o combate a fraudes, diminuir risco de inadimplência de crédito, otimizar portfólios dos produtos e serviços, aprimorar relação com os clientes em diversos níveis do atendimento, dentre outras aplicações. 

O potencial da IA Generativa ganhou destaque depois que se tornou acessível, até mesmo ao cidadão comum, pelo uso de ferramentas como ChatGPT e Midjourney. Mas o uso dessa tecnologia sem um enfoque social é preocupante, como destaca a pesquisadora e professora doutora da Faculdade 28 de Agosto Ana Tércia Sanches, que participou do evento.

“O ponto central é que esse tipo de tecnologia pode aumentar a produtividade e eficiência de uma empresa em quase quatro vezes mais, com os mesmos recursos e no mesmo tempo. Mas nem tudo é tão bom quanto parece ou é livre de preocupações, afinal, as tecnologias são só um meio para atingir certos objetivos, e elas podem, a depender de quem as detém, concentrar mais poder e renda, aumentando as desigualdades sociais”, pondera Ana Tércia, que se debruçou justamente sobre inovações tecnológicas e o trabalho bancário em sua tese de doutorado.

Novo perfil de profissionais e redução de mão de obra

Uma das novidades desta edição do congresso ficou por conta da introdução de novos temas com caráter social. Nesse escopo constou a importância da diversidade (racial, gênero e PCDs) dentro das instituições, experiências de operações financeiras em territórios periféricos, educação financeira, ética digital e várias abordagens sobre como atrair, reter e engajar trabalhadores da área de TI.

Os executivos dos bancos ressaltaram que open finance e inteligência artificial vão transformar os negócios e exigir um novo perfil de profissionais. Essa afirmação esteve acompanhada de diversas manifestações dos palestrantes que apontaram a perspectiva de redução dos empregos, derivada do processo de incremento tecnológico em diversos níveis.

Há, segundo os executivos e empresas do setor presentes no evento, espaço para ampliar o nível de automatização e exclusão de tarefas realizadas no dia-a-dia do trabalho, que podem passar a ser operacionalizadas pelas inteligências artificiais. Esse cenário pode redefinir o papel da força de trabalho nos bancos e os trabalhadores terão que ter novas habilidades.

O palestrante Ian Beacraft, fundador e futurista-chefe da Signal and Cipher, destacou em sua apresentação a figura do trabalhador do futuro como um “generalista criativo”, que usará inteligência artificial para integrar conhecimentos em áreas nas quais ele não tem especialidade, capaz de realizar tarefas antes distribuídas para várias pessoas.  

Ana Tércia, que também é dirigente bancária, destaca o papel do Sindicato nessas mudanças: “As transformações no sistema financeiro, sobretudo motivadas pelas inovações tecnológicas, alteram os padrões das relações sociais entre bancos e bancários, e por isso requerem que o Sindicato, como representante dos trabalhadores, possa negociar a transição de carreiras, as mudanças nos cargos e funções e as consequências da elevação do ritmo de trabalho que, normalmente, caminham juntas ao aumento de produtividade possibilitados pelas tecnologias emergentes.”

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