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Delegados se unem pela Caixa 100% pública

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Diferentes pontos de vista e um consenso: impedir qualquer tentativa de privatização do único banco 100% público e com função primordialmente social no país
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São Paulo – No calor dos rumores sobre a abertura de capital da Caixa Econômica Federal, delegados sindicais reuniram-se para discutir propostas e estratégias com o objetivo de barrar qualquer tentativa de privatização do único banco de atuação nacional 100% público. Ainda no final do ano passado, a imprensa divulgou informações de que o governo pediu estudos para avaliar a venda de ações da instituição. Boato que não foi confirmado, mas tampouco negado.  Durante a campanha, a então candidata a reeleição Dilma Rousseff prometeu que não iria alterar o caráter dos bancos estatais.

O movimento sindical avalia que a Caixa deve continuar totalmente na mão do Estado para seguir cumprindo seu papel social de fomentar a economia por meio de crédito acessível, atuação essa que os bancos privados recusam-se a praticar por visarem primordialmente os lucros.

> > Caixa tem de ser 100% pública

Propostas – Da reunião dos delegados, ocorrida na terça-feira 27, surgiram uma série de propostas que serão encaminhadas e articuladas pelas entidades, como a realização de seminários, reuniões estaduais, nas agências, mobilização de prefeitos e vereadores – sobretudo de cidades pequenas onde apenas a Caixa atua – e explanações para a população sobre os riscos da privatização do banco que financia a infraestrutura. Um seminário sobre o tema está previsto para ocorrer entre fevereiro e março. O movimento sindical ainda cobra audiência com o governo federal.

O diretor executivo do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis, afirmou que os empregados não podem ceder sequer um passo nessa questão. “Não devemos permitir a privatização de nenhuma fração do banco, e para isso os empregados devem estar preparados para mobilizações, paralisações e, acima de tudo, envolver a sociedade em torno desse tema. Não se trata apenas da defesa dos direitos dos trabalhadores, mas sim da defesa de um banco público para a sociedade brasileira. Esse é o debate que os delegados sindicais fizeram no encontro.”

Reformas estruturais – A deputada federal e empregada da Caixa Erika Kokay (PT/DF) (foto à esquerda) afirmou que a discussão da privatização da Caixa está ligada intrinsicamente a falta de reformas estruturais como a política, das comunicações e tributária. “É preciso tirar as dicotomias que existem entre as lutas gerais e as mais específicas, como a discussão da Caixa 100% pública, que nos remonta a uma discussão conjuntural, a um modelo de um país que queremos. Quando você abre o capital, surgem interesses que colidem com determinadas funções que são precípuas da Caixa, portanto se houver abertura do capital, isso pressupõe rasgar as funções sociais da Caixa.”

Realista, a deputada destacou que o Congresso que tomará posse em fevereiro impossibilitará qualquer avanço nessas reformas estruturais citadas. “A democracia é pouco representativa; 0,08% da população detém quase 80% das terras cultiváveis e são representados por quase metade da câmara federal. Esse Congresso jamais vai taxar as grandes fortunas ou democratizar os meios de comunicação, que é um aparelho ideológico pertencente aos mesmos grupos que dominam a política. É preciso aumentar a participação popular para que possamos dar conta das tarefas das reformas política e tributária.”

35% do PIB – Para comprovar o peso econômico e social da Caixa, a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa Maria Rita Serrano ressaltou que a instituição movimenta entre fundo de garantia, seguro-desemprego, concessão de crédito, contas correntes, pensões etc cerca de R$ 1,7 trilhão, o que equivale a 35% do PIB brasileiro. “Na bolsa de valores, ao adotar a nova governança corporativa do sistema da bolsa, a Caixa terá que vender no mínimo 25% das ações para o capital privado. Isso não é privatização? A gente tem de estudar essa questão, desmistificar, entender, se organizar e combater.”

Audiência – A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa), Fabiana Matheus, salientou o consenso e a unidade entre as diversas correntes sindicais na certeza de que a Caixa deve permanecer 100% pública e lembrou ofício enviado ao governo federal no dia 23 de dezembro reivindicando audiência com a presidenta.

“Temos a informação de que Dilma já despachou o ofício ao ministro Miguel Rossetto [Secretaria-Geral da Presidência] que está fazendo intervenções para garantir uma audiência no início de fevereiro para que a gente possa colocar claramente nossa posição, enquanto movimento organizado dos trabalhadores, de que somos contrários a qualquer iniciativa em direção a privatização da Caixa, seja 10%, 15% ou 25%. Não vamos aceitar isso.”


Rodolfo Wrolli – 27/1/2015

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