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Bancários param contra terceirização

Linha fina
Funcionários de agências, unidades de callcenter e outros concentrações relatam apreensão com aprovação do PL 4330 que precariza direitos e as relações de trabalho
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São Paulo – O dia de luta contra a PL 4330 da terceirização começou cedo para os bancários de São Paulo com paralisações em agências, unidades de call center e concentrações de grandes bancos como o ITM e CAT, do Itaú (foto), Vila Santander e Santander Boa Vista, BB Crédito Imobiliário, Bradesco Telebanco e Gilog da Caixa.

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À tarde, a partir das 17h, os bancários se uniriam a diversas outras categorias como professores, metalúrgicos, metroviários, químicos, comerciários, petroleiros em um grande ato no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo, para tentar barrar o projeto que autoriza a terceirização ilimitada e pode acabar com direitos conquistados em anos de luta e organização dos trabalhadores.

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Os protestos são organizados pela CUT e outras centrais como CTB, Intersindical e Nova Central, seus sindicatos filiados, movimentos populares do campo e da cidade, entre eles sem-terra, sem-teto e estudantes.

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Riscos – No Telebanco Bradesco, no Largo Santa Cecilia, funcionários discutiram sobre os riscos trazidos pelo projeto que permite às empresas terceirizar todos os seus setores, ou seja, até sua atividade-fim. “Já trabalhei como terceirizado e vi o quanto é diferente, não só em questão de benefícios, há também discriminação. Onde trabalhei éramos chamados de ‘terceirizados’ apenas, não pelo nome. Sou totalmente contra, se o PL for aprovado eles poderão terceirizar o callcenter aqui, não duvidamos”, afirmou um dos trabalhadores da unidade.

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Juvandia Moreira (foto), presidenta do Sindicato, lembrou durante o ato que todos os direitos conquistados durante anos de luta estão em jogo com o PL e que os rumos da economia do país podem ser abalados caso o 4330 seja aprovado. “São 92 anos de luta, de história, de conquistas. É plano de saúde, vale-refeição, vale-alimentação, corremos o risco de perder tudo. Por isso paramos as áreas de callcenter em São Paulo”, ressaltou. No entanto, Juvandia alertou que a terceirização poderá atingir também gerentes e diretores que correm o risco de ter de virar pessoa jurídica.

“O número de estabelecimentos que prestam serviço de correspondente bancário cresceu 2.313% entre 2000 e 2014, atingindo 331 mil em junho do ano passado, de acordo com o Banco Central. Com a aprovação do 4330, a terceirização vai aumentar e atingir todos os setores, como as gerências,  caixas e áreas de tecnologia, podendo colocar em risco o sigilo bancário”, destaca. “A terceirização vai afetar também os clientes e pode provocar um risco sistêmico para a economia brasileira”, acrescenta a dirigente.

Públicos – Mesmo com a exclusão de empresas públicas e de economia mista do projeto de terceirização, funcionários do Banco do Brasil também participaram da paralisação na unidade da Rua XV de Novembro. “As pessoas estão mal informadas. É muito egoísmo da parte de alguns funcionários achar que por conta da emenda estamos livres disso, temos pais, filhos, família e amigos que serão afetados, não vivemos sozinhos”, disse um dos bancários do local.

Outro trabalhador do BB apontou que o destaque não ameniza o temor de que a situação piore nos bancos públicos: “Mesmo nós não temos garantia de nada, ninguém nos garante que no futuro as coisas não caiam por terra, é uma situação horrorosa, um ataque brutal à CLT. Todos os nossos direitos conquistados sendo jogados na lata do lixo”.

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Descartados – E entre os que já trabalham como terceirizados o clima é de desanimo.  “Nós entramos como terceirizados achando que podemos ter uma oportunidade dentro do banco, mas vemos que somos descartados. Fazemos serviços de gerente de banco, mas ganhamos o mesmo que o pessoal da limpeza, ficamos tristes. Ver que isso pode ficar mais difícil ainda é decepcionante”, afirmou um funcionário que presta serviço no Santander da Rua Boa Vista, junto com dezenas de terceiros. O trabalhador também contou que o cotidiano dos terceirizados é difícil: desde que começou a trabalhar no local passou por diversos problemas como falta de água e de ar-condicionado.

Congresso - No dia 8, o projeto de lei foi aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, por 324 votos contra 137. A maioria dos favoráveis (164) era do chamado bloco patronal, formado por parlamentares empresários dos mais diversos setores. “O projeto de lei seguirá para apreciação do Senado e, além dos protestos nas ruas, os trabalhadores podem enviar mensagens, cobrando que os políticos respeitem seus direitos”, reforça Juvandia (www.senado.gov.br/senadores e www2.camara.leg.br/deputados/liderancas-e-bancadas).

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Luana Arrais – 15/4/2015
(Atualizado às 19h52)

 

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