São Paulo - Um comunicado interno do HSBC, informando que existe a possibilidade de vender suas operações no Brasil, disparou um sinal de alerta entre os 21 mil funcionários do banco. A notícia, na sexta 22, aumentou o receio dos bancários em relação ao futuro no que se refere a empregos e direitos. O Sindicato e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) estão cobrando reunião com a direção da instituição financeira, ainda sem resposta.
Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, afirma que a entidade está atenta aos movimentos desde os primeiros boatos de que o banco inglês poderia vir a encerrar suas atividades no país e ressalta que os bancários têm de estar preparados para a mobilização, inclusive, para ir à greve caso seja necessário. “Acompanhamos tudo de perto. Inclusive levamos a preocupação da categoria a parlamentares e a órgãos reguladores do Sistema Financeiro Nacional. Mas é essencial estarmos prontos para paralisar as atividades em defesa do emprego. ”
Nas reuniões entre dirigentes sindicais, deputados federais, senadores, representantes do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), foram entregues ofícios nos quais se enfatiza a preocupação com o futuro dos bancários. “Deixamos claro que a concentração de bancos nos últimos anos resultou na extinção de milhares de postos de trabalho. . Isso não pode voltar a ocorrer. Também não houve avanços aos clientes, que continuam pagando tarifas muita caras”, afirma a dirigente.
Na manhã de terça 26, o Sindicato organizou um ato em frente ao prédio do Casp.
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Fusões e desemprego – A intenção de venda foi encaminhada pelo HSBC ao Banco Central europeu na quinta 21, um dia antes dos funcionários serem informados. A nota não cita interessados na compra.
O executivo do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, declarou na terça 19 que estudaria a possibilidade de adquirir a atividade brasileira do HSBC. Itaú e Bradesco também anunciaram interesse. Todos têm em comum histórico de demissões de trabalhadores.
O Santander adquiriu vários bancos no país entre eles Noroeste, Meridional, Banespa e ABN Real, o qual tinha 33.004 trabalhadores quando foi incorporado em 2007. Somados aos do Santander Brasil, totalizou 55.969 funcionários à época. Um ano após, em 2008, o banco espanhol já extinguira 2.969 postos de trabalho. Queda que se manteve, chegando a 49.910 funcionários no primeiro trimestre deste ano. Somente desde a compra do ABN Real, foram exterminados cerca de 6 mil postos de trabalho.
Itaú e Unibanco também adquiriram vários bancos e quando se fundiram em 2008 dispunham de 108.458 funcionários, caindo para 101.640 no ano seguinte e, no primeiro trimestre deste ano, para 92.757. Um “casamento” que eliminou 15.700 postos de trabalho.
“A história mostra que nesses negócios os prejudicados são sempre os trabalhadores. E isso ocorre tanto no banco que compra quanto no que é ‘comprado’. Por isso, caso o HSBC seja de fato negociado, é fundamental que os bancários envolvidos participem da mobilização, para que todos tenham empregos e direitos garantidos”, reforça Juvandia, acrescentando que mesmo com poucas aquisições, os funcionários do Bradesco também precisam estar mobilizados. Segundo o balanço do primeiro trimestre deste ano, o banco diminuiu em 4.569 o número de funcionários em relação a igual período de 2014, passando de 99.545 para 94.976 trabalhadores.
Também estariam interessados na compra do HSBC, o BTG Pactual, o canadense Bank of Nova Scotia e o chinês ICBC, mas não há confirmação.
Jair Rosa - 25/5/2015
(Atualizado às 17h59 de 26/5/2015)