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Sindicato condena aumento da Selic

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Decisão do BC, que aumentou a taxa em 0,5 pp, aprofunda tendência recessiva da economia e só interessa aos bancos, principais detentores dos títulos da dívida pública
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São Paulo – Na quarta-feira 3, o Banco Central do Brasil anunciou nova alta na taxa básica de juros da economia. A chamada taxa Selic aumentou 0,5 ponto percentual e atingiu 13,75% ao ano. Desde março de 2013, quando o BC iniciou o movimento de elevação nos juros, a taxa já subiu 6,5 pontos percentuais. O Brasil pratica a mais alta taxa de juros do mundo!

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região condena a decisão do Banco Central por entender que ela aprofunda a tendência recessiva da economia brasileira, eleva o contingente de desempregados, reduz as possibilidades de consumo das famílias, engessa qualquer capacidade de investimento das empresas e drena cada vez mais recursos públicos para o pagamento de juros da dívida, cujos principais credores são os representantes do sistema financeiro, único segmento da sociedade com interesses claros na atual política econômica. Basta ver o lucro líquido dos bancos no primeiro trimestre deste ano, que cresceu 24% atingindo R$ 14,7 bilhões, enquanto praticamente todo o resto da economia esta perdendo, principalmente a classe trabalhadora.

O Sindicato entende que a política monetária restritiva está inserida no contexto do chamado “ajuste fiscal” liderado pelo Ministério da Fazenda, que desde o inicio do ano restringiu direitos trabalhistas, cortou R$ 70 bilhões do orçamento público, reduziu a atuação dos bancos estatais e acabou por produzir resultados desastrosos. A estagnação que vinha se desenhando desde 2014 foi transformada em retração, com queda de 1,6% do PIB no 1º trimestre de 2015, redução de 7,8% nos investimentos, queda de 0,9% no consumo das famílias, aumento na taxa de desemprego de 4,9% para 6,4% nos últimos 12 meses. Isso representa 384 mil pessoas a mais sem emprego e sem renda apenas em seis regiões metropolitanas do país no último ano.

A lógica do atual ministro da fazenda, Joaquim Levy, é que o ajuste fiscal criará um ambiente de estabilidade ao país levando quase que naturalmente ao crescimento econômico. É a velha crença de que o mercado se autorregula. Na verdade, a atual política econômica irá gerar um ambiente de insegurança e falta de perspectivas para quem estaria disposto a realizar investimentos produtivos, que geram emprego e renda.  Seguindo a tradição dos economistas do mercado financeiro o atual Ministro parece crer que produzir mais desemprego para conter a inflação é a coisa certa a fazer. Suas planilhas não levam em conta que por trás dos números existem milhares de famílias que dependem unicamente do trabalho para sobreviver. É absurdo crer que a inflação no Brasil é proveniente de excesso de demanda, uma vez que a renda e a atividade estão em queda! Trata-se de inflação de preços administrados como energia e transporte público e, portanto, não pode ter como remédio a alta dos juros. Por outro lado, tal elevação fez com que o Governo Federal pagasse R$ 130 bilhões em juros apenas entre janeiro e abril deste ano, o que corresponde a 6,95% do PIB. No mesmo período de 2014 este valor havia sido 58% inferior.

Os trabalhadores não aceitarão que apenas poucos privilegiados sejam beneficiados por uma política econômica perversa com a maioria da população, que inclusive coloca em risco os grandes avanços sociais conquistados nos últimos 12 anos e as melhorias na distribuição de renda do país. É hora de mudar o rumo para seguir avançando. O caminho do retrocesso é inaceitável.


Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região – 5/6/2015
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