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Brasília – Dezenas de milhares de mulheres de norte a sul do país coloriram de lilás a Esplanada dos Ministérios, em Brasilia, na quarta 12. Com seus chapéus de palha enfeitados com flores, elas chegaram a viajar por até três dias de ônibus de vários pontos do país, trazendo energia, esperanças, filhos e maridos para protestar e defender direitos das trabalhadoras rurais. A pé e até em cadeira de rodas percorreram cerca de cinco quilômetros entre o Estádio Nacional Mané Garrincha e a Praça dos Três Poderes, onde realizaram ato político no Senado, com a presença de parlamentares.
> Fotos: galeria da Marcha das Margaridas
Dona Francisca Leitão de Souza, 68 anos, passou meses separando da aposentadoria o dinheiro da viagem. Gastou 24 horas de ônibus desde sua cidade, no interior de Tocantins. E chegou feliz. “O gosto de estar aqui é enorme. A gente se junta e luta pra melhorar a vida no campo”, explica sua missão, que já está durando três dias. Dona Francisca sempre morou no campo. Teve 12 filhos, perdeu quatro e, há dois meses ficou viúva, depois de cuidar oito anos do marido, vitimado por um AVC. Mas nem o frio, a dor na coluna e o cansaço tiraram o sorriso do rosto dessa mulher, que quer ver a presidenta Dilma Rousseff de perto. “Lula e Dilma são tudo pra mim”, afirma.
Para as cearenses Maria Isaías e Maria Assunção Santos, a batalha para chegar a Brasília ainda não terminou. Com poucos recursos, trouxeram roupas de crochê, renda de bilro, pipoca e cocada para vender e terminar de pagar a viagem. “Nunca perdi uma Marcha das Margaridas. Adoro estar aqui, participar dessa alegria de encontrar as pessoas, lutar para conquistar nossos direitos”, conta Maria Isaías, com um sorriso de satisfação.
> Margaridas abrem oficialmente mais uma marcha em Brasília
Sob ameaça de perder a terra, na qual cultiva mandioca e banana, a delegação da Aldeia Tatuí Juara, no Mato Grosso, gastou dois dias na estrada para participar da marcha. Solange Zenaide do Carmo conta que luta contra os fazendeiros que querem retirar índios da aldeia, onde ela cria os filhos. “Estou aqui por causa dos meus filhos. Quero defender a vida deles, a terra, casa deles. Se a gente não defender, o que vai ser deles?”, questiona. Ao lado, a filha Camila reclama da violência. “Queria trocar meu nome. Porque estão matando muitas meninas chamadas Camila. Não quero ser a próxima.”
A marcha conta com grande adesão de jovens que levam na bagagem pautas específicas.
Com perucas coloridas, feitas com copos plásticos descartáveis, a delegação de Mossoró, no Rio Grande do Norte, viajou em sete ônibus, um deles lotado de mulheres batuqueiras e seus instrumentos de material reciclado. As amigas Beatriz Freire e Mariana Pereira, de 17 anos, integrantes do movimento feminista local, chegaram prontas para tratar de temas muito femininos, que incluem o direito ao corpo, a igualdade salarial e a creches para as trabalhadoras rurais. “Queremos discutir também os temas ligados às necessidades da população de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transxuais. Afinal, isso também nos toca diretamente”, diz Beatriz.
Do Piauí, os representantes do Movimento de Quebradeiras de Côco Babaçu falam da violência a que são submetidas ao trabalhar. Denunciam que grandes fazendeiros impedem a entrada delas nas fazendas. Aparecida Mendes Moreira, de Goiás, e Carlita Pereira, de Sergipe, também reclamam da violência no campo. Acostumadas a acompanhar as notícias sobre os desrespeito aos direitos das mulheres agricultoras, reclamam a criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher.
“É preciso diminuir as diferenças entre o campo e a cidade. Para isso, precisamos de maior acesso a educação, saúde e segurança”, reclama Daniele Souza. Sócia da amiga Giuceli Espíndola, ela planta arroz, milho e feijão, em Santa Catarina. Elas têm venda garantida dos produtos, por meio de programas ligados à agricultura familiar e a compras públicas destinadas à merenda escolar. “A gente ama viver e trabalhar no campo. Queremos continuar vivendo e trabalhando lá”.
Bancárias - A diretora executiva do Sindicato, Neiva Maria Ribeiro, compareceu à marcha ao lado de outros representantes dos bancários (foto).
"As bancárias estão ao lado das mulheres do campo, da cidade, da floresta e das águas, negras, quilombolas, indígenas. A luta de todas é contra a violência sexista. Lutamos por um projeto de desenvolvimento econômico sustentável com distribuição de renda, igualdade de gênero e defesa do meio ambiente. Em tempos de ódio, lutamos em defesa da democracia, contra o retrocesso e contra o golpe", diz Neiva.
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> Governo anuncia medidas cobradas pelas margaridas
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Dona Francisca Leitão de Souza, 68 anos, passou meses separando da aposentadoria o dinheiro da viagem. Gastou 24 horas de ônibus desde sua cidade, no interior de Tocantins. E chegou feliz. “O gosto de estar aqui é enorme. A gente se junta e luta pra melhorar a vida no campo”, explica sua missão, que já está durando três dias. Dona Francisca sempre morou no campo. Teve 12 filhos, perdeu quatro e, há dois meses ficou viúva, depois de cuidar oito anos do marido, vitimado por um AVC. Mas nem o frio, a dor na coluna e o cansaço tiraram o sorriso do rosto dessa mulher, que quer ver a presidenta Dilma Rousseff de perto. “Lula e Dilma são tudo pra mim”, afirma.
Para as cearenses Maria Isaías e Maria Assunção Santos, a batalha para chegar a Brasília ainda não terminou. Com poucos recursos, trouxeram roupas de crochê, renda de bilro, pipoca e cocada para vender e terminar de pagar a viagem. “Nunca perdi uma Marcha das Margaridas. Adoro estar aqui, participar dessa alegria de encontrar as pessoas, lutar para conquistar nossos direitos”, conta Maria Isaías, com um sorriso de satisfação.
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A marcha conta com grande adesão de jovens que levam na bagagem pautas específicas.
Com perucas coloridas, feitas com copos plásticos descartáveis, a delegação de Mossoró, no Rio Grande do Norte, viajou em sete ônibus, um deles lotado de mulheres batuqueiras e seus instrumentos de material reciclado. As amigas Beatriz Freire e Mariana Pereira, de 17 anos, integrantes do movimento feminista local, chegaram prontas para tratar de temas muito femininos, que incluem o direito ao corpo, a igualdade salarial e a creches para as trabalhadoras rurais. “Queremos discutir também os temas ligados às necessidades da população de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transxuais. Afinal, isso também nos toca diretamente”, diz Beatriz.
Do Piauí, os representantes do Movimento de Quebradeiras de Côco Babaçu falam da violência a que são submetidas ao trabalhar. Denunciam que grandes fazendeiros impedem a entrada delas nas fazendas. Aparecida Mendes Moreira, de Goiás, e Carlita Pereira, de Sergipe, também reclamam da violência no campo. Acostumadas a acompanhar as notícias sobre os desrespeito aos direitos das mulheres agricultoras, reclamam a criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher.
“É preciso diminuir as diferenças entre o campo e a cidade. Para isso, precisamos de maior acesso a educação, saúde e segurança”, reclama Daniele Souza. Sócia da amiga Giuceli Espíndola, ela planta arroz, milho e feijão, em Santa Catarina. Elas têm venda garantida dos produtos, por meio de programas ligados à agricultura familiar e a compras públicas destinadas à merenda escolar. “A gente ama viver e trabalhar no campo. Queremos continuar vivendo e trabalhando lá”.
Bancárias - A diretora executiva do Sindicato, Neiva Maria Ribeiro, compareceu à marcha ao lado de outros representantes dos bancários (foto).
"As bancárias estão ao lado das mulheres do campo, da cidade, da floresta e das águas, negras, quilombolas, indígenas. A luta de todas é contra a violência sexista. Lutamos por um projeto de desenvolvimento econômico sustentável com distribuição de renda, igualdade de gênero e defesa do meio ambiente. Em tempos de ódio, lutamos em defesa da democracia, contra o retrocesso e contra o golpe", diz Neiva.
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Eunice Pinheiro, para a Rede Brasil Atual, com edição da Redação - 12/8/2015