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Ato exalta democracia e quer mudança na economia

Linha fina
Milhares de pessoas foram às ruas em todo o Brasil contra o golpe e para cobrar respeito ao projeto que venceu eleição em 2014; pedidos fora Cunha também marcaram protestos
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São Paulo – O ato público por direitos, liberdade e democracia, convocado por cerca de 50 entidades da sociedade civil, reuniu dezenas de milhares de pessoas em todo o Brasil. Em São Paulo, um grande protesto teve início no Largo da Batata, zona oeste da capital, no final da tarde de quinta-feira 20, e marchou pela Avenida Rebouças em direção ao vão livre do Masp, na Avenida Paulista, onde foi encerrado.

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Em cartazes e vozes, a resistência aos movimentos golpistas aflorados após a derrota nas urnas, no ano passado, e cobrança por uma guinada na política econômica atual capitaneada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Dentre as entidades que organizaram a manifestação estavam CUT (Central Única dos Trabalhadores), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), UNE (União Nacional dos Estudantes), CMP (Central de Movimentos Populares).

O presidente da CUT, Vagner Freitas, enfatizou que a manifestação defende um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de empregos e renda e redução das desigualdades. “Mas não concordamos com essa política neoliberal nefasta para os trabalhadores. É preciso taxar as grandes fortunas. Quem ganha mais que pague mais. Também não concordamos com enfrentar a inflação com essa política de juros altos. O mercado não pensa nos trabalhadores”, disse. “Estamos aqui por reforma agrária, por uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanhas, por uma reforma tributária que reduza as desigualdades e por uma reforma de mídia que combata a concentração e o oligopólio dos meios de comunicação.”

Vagner acrescentou: “queremos respeito à democracia. Quem perdeu as eleições tem de parar com esse negócio de terceiro turno e se preparar para 2018”.

Já com milhares de pessoas no Largo da Batata o ato começou pouco antes das 18h com um minuto de silêncio em homenagem aos 19 assassinados na chacina de Osasco. O nome de todas as vítimas foi anunciado, seguido de gritos de “presente” e aplausos.

Ainda na concentração, os participantes foram informados de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia, pouco antes, sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República por crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Alguns grupos de manifestantes começaram a gritar: “eu já sabia”.

Indignação seletiva – O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, ironizou o fato e criticou a falta de coerência dos movimentos de direita que chamaram atos realizados no domingo 16. “Estamos aqui para rechaçar esse moralismo seletivo de quem foi à Avenida Paulista dizer que é contra a corrupção, mas aplaude Eduardo Cunha e Aécio Neves”, disse. “Nós não estamos aqui para defender nenhum governo. Viemos também rechaçar o ajuste fiscal que corta investimentos sociais, e essa Agenda Brasil”, ressaltou, referindo-se a propostas apresentadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

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Bonecos de Cunha, dos senadores José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG), além de Joaquim Levy, foram carregados pelos manifestantes, que ironizaram os quatro cantando o clássico “Se gritar pega ladrão”, do sambista Bezerra da Silva.

O coordenador do MST, João Paulo Rodrigues, também externou sua sensação de que “o golpe ficou no passado”. “Não há mais espaço para se reivindicar o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O que essas milhares de pessoas devem fazer, daqui pra frente, é disputar esse governo e puxar ele para a esquerda, porque isso ainda não temos garantias de que a presidenta fará.”

Carina Vitral, presidenta da UNE, seguiu o mesmo raciocínio e comemorou o “fim do golpe”. “É a pá de cal que faltava. Estamos enterrando o golpismo e os estudantes do país vão às ruas fazer valer nossos direitos e lutar contra os projetos que atrasam o Brasil, como a redução da maioridade penal.”

Povo – O estudante Josel Rodrigues disse que foi à rua para impedir retrocessos nas políticas públicas de inclusão dos jovens nas universidades. Negro, ele teme que as políticas de cotas, assim como o ProUni e o Fies, sejam extintos caso haja um golpe ou mesmo se a direita ganhar mais poder no Congresso. “Sou estudante negro de uma universidade pública e isso é fruto desses dez anos de avanços sociais”, avaliou.

Vera Lúcia Valentim, moradora de ocupação do MTST, diz que o ato desta quinta é uma resposta ao de domingo, promovido “pela direita conservadora que veio para a Avenida Paulista defender a derrubada de direitos e o ataque ao povo mais pobre”. “Este ato é contra o ajuste fiscal. É injusto que seja o povo a pagar, que seja jogado sobre ele o peso da crise. Isso tá errado. Queremos reforma tributária, reforma política e que os mais ricos paguem pela crise”, encerrou.

A enfermeira Maria das Graças de Souza foi à manifestação “especificamente para defender o mandato da presidenta Dilma”. É contra a intolerância que está sendo cultivada na sociedade e quer garantir os direitos dos trabalhadores e do povo pobre. “É preciso respeitar a decisão das urnas. Votei na Dilma, e não só eu, minha família e meus amigos também votaram. As pessoas têm direito de se manifestar, mas é uma clara luta de classes. Aquele dia era a elite, hoje são os trabalhadores que estão nas ruas”, disse.

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Redação, com informações da CUT e da Rede Brasil Atual - 21/8/2015
Atualizada às 14h57 de 24/8/2015

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