São Paulo – A Caixa Federal anunciou redução de juros para linhas de crédito destinadas a pessoas físicas e a empresas. O Programa Caixa Melhor Crédito foi divulgado nesta segunda-feira 9, cinco dias após o anúncio de redução de juros também pelo Banco do Brasil. A iniciativa dos bancos públicos faz parte da ofensiva do governo federal para forçar a concorrência no setor financeiro e, assim, diminuir o spread bancário no país, um dos mais altos do mundo.
> Banco do Brasil anuncia diminuição dos juros
A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, considera as medidas positivas. Segundo ela, as iniciativas do BB e da Caixa mostram que é possível ao setor reduzir o spread. “Não é admissível, nem há argumentos – com uma taxa Selic que diminui desde agosto do ano passado – ter taxas bancárias que chegam, em média, a 175% (cheque especial) e taxas de juros de 50,3% (empréstimo pessoal) para pessoa física”, diz em nota.
> Leia a íntegra da nota do Sindicato
Melhor Crédito – A Caixa programou para este ano um volume de concessão de crédito 24% maior que o de 2011, chegando a R$ 300 bilhões. Desse total, R$ 71 bilhões – incluindo R$ 10 bilhões para pessoas jurídicas – serão destinados aos principais produtos do programa, que já começou a valer retroativamente no dia 2 de abril.
Segundo o banco, além da redução de juros e do aumento do volume de crédito disponível no mercado, o programa tem mais dois pilares: a valorização dos clientes e a orientação para o crédito consciente.
Pessoa física – Para crédito pessoa física a redução dos juros varia de 7,4%, no caso do crédito consignado taxa mínima, a 87,7% para o Cartão Azul Caixa, novo cartão de crédito destinado a contas salário (nesse caso a comparação é com os juros de cartões de crédito praticados no mercado).
O cheque especial teve redução de 59% na taxa anual, passando de 8,25% ao mês para 4,27%. A taxa mensal do cartão de crédito nacional, que era de 12,86%, foi para 9,47%, uma variação de - 40% ao ano. Já a diminuição dos juros anuais do cartão de crédito internacional chegou a 41%, passando de 12,17% a.m. para 8,80% a.m.
O crédito pessoal sênior (CDC Sênior) caiu de 3,92% a.m. para 2,47%, variação de 42% anual. O CDC Turismo teve queda de 33,7% ao ano, passando de 4,97% a.m. para 3,57% a.m. Já o crédito pessoal automático (CDC Automático), cuja taxa mensal era de 5,40%, foi para 3,88%, redução anual de 34,2%.
O crédito consignado taxa máxima sofreu diminuição anual de 34,2%, passando de 2,82% a.m. para 1,95% a.m. Os aposentados se beneficiarão de taxas ainda menores. No consignado INSS a taxa máxima caiu de 2,14% para 1,80% a.m. Nos prazos menores, de um a seis meses, a taxa se manteve a mesma.
Também houve queda nos juros de financiamento de veículos. A taxa mínima foi de 1,19% para 0,98% a.m., o que significa -18,6% ao ano.
O programa também prevê vantagens para atrair contas salário de servidores públicos. Além do lançamento do Cartão Azul Caixa, com taxas bem menores que as do mercado (-87,7% a.a.), o banco oferece 3,5% a.m. no cheque especial e descontos em produtos de seguro, previdência e consórcio.
Dívidas – Entre as medidas também está um plano voltado a pessoas físicas que queiram reduzir a prestação ou juros de dívidas, ainda que não sejam clientes da Caixa. O chamado Programa Crédito Azul é, segundo o banco, uma oportunidade para as famílias reorganizarem suas finanças por meio de acesso a crédito com melhores taxas e maiores prazos, “sendo possível quitar suas dívidas mais caras e a depender do caso, ainda obter novos recursos para usar como quiser”, disse em nota o presidente do banco, Jorge Hereda.
Pessoa jurídica – Dois produtos voltados para empresas também tiveram queda de juros. A taxa mensal do crédito de capital de giro passou de 2,72% para 0,94% a.m. uma queda anual de 68,73%. Além disso, o prazo máximo de pagamento foi estendido de 18 para 40 meses e os limites de contratação passam de R$ 60 mil para até R$ 1 milhão. Para atender a demanda o banco vai alocar R$ 8 bilhões na linha Giro Caixa Fácil.
Houve redução de 29,12% ao ano nos descontos de cheques e duplicatas. A taxa média passou de 1,72% para 1,25% a.m.
Estratégia de negócio – Durante coletiva de lançamento do programa, Jorge Hereda fez questão de ressaltar que a queda dos juros não significará prejuízo para o banco mas, ao contrário, maior rentabilidade e competitividade.
“Essas medidas não são populistas, mas sim uma estratégia de negócio. Foram pautadas em critérios técnicos, com amparo na análise da carteira, dos níveis de risco e da inadimplência. Estamos baixando os juros porque isso é fundamental para sermos competitivos”, disse o presidente da instituição.
Hereda também destacou que a portabilidade de crédito, que já é uma realidade no país, será posta em prática com frequência cada vez maior pelos clientes que, segundo ele, já estão usando a liberdade que têm de escolher as instituições financeiras que lhes dão mais vantagem.
“Queremos ganhar aumentando nossa base e não procurando rentabilizar ao máximo nossa relação com o cliente. E o cliente vai saber perceber isso. Estamos cumprindo nosso papel de banco público e também fazendo um bom negócio”, afirmou.
Andréa Ponte Souza - 9/4/2012
