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“Me sinto traído", diz bancário do Casa 1

Linha fina
Centro Administrativo Santander 1 foi uma das concentrações que pararam as atividades no primeiro dia de greve nacional da categoria
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São Paulo – “Me sinto traído. É como se o banco não desse nada por meu trabalho. Essa proposta, de 5,5%, é sinal de desprezo a todos os trabalhadores. Não podemos aceitar isso de forma alguma”, o desabafo é de um funcionário do Centro Administrativo Santander, o Casa 1, na zona sul da capital, paralisado nesta terça-feira 6, primeiro dia de greve da categoria. A opinião reflete o sentimento de grande parte dos cerca de 2,5 mil trabalhadores do local.

Fotos: galeria da greve em contrações
> Bancários estão de braços cruzados 

Edmundo (os nomes usados na reportagem são fictícios) critica ainda o abono oferecido pelos bancos (R$ 2,5 mil pagos uma única vez, sem incorporação ao salário e, portanto, sem reflexos em férias, 13º ou FGTS) e acrescenta que essa é a pior proposta que tem conhecimento desde que ingressou no Santander, há 15 anos. “Falo com os mais novos que abono é um engodo. A pessoa tem a ilusão de receber algum dinheiro logo. Só que isso vai muito rápido e depois a gente ‘pena’ mais um ano com praticamente o mesmo salário. Já senti isso na pele e é terrível, pois vivia me endividando para cobrir os gastos. Ninguém aqui está satisfeito com essa mixaria. Por isso temos de brigar por reajuste decente que é incorporado ao salário e se reflete, por exemplo, no nosso Fundo de Garantia.”

Da mesma opinião é a funcionária Elvira que trabalha no banco espanhol há oito anos. “De onde eles (os bancos) tiraram uma proposta tão descabida como essa? Para onde vai todo o dinheiro que ganham às custas de nosso suor?”, questiona a bancária. “Além de melhorar o salário, o vale-alimentação precisa aumentar. O valor atual não cobre minhas necessidades e a cada ida ao mercado tenho de colocar mais dinheiro do bolso para completar.”

Orientações do Sindicato para a greve

Combate à terceirização – Além de lutar por aumento real, PLR maior, fim das metas abusivas e em defesa do emprego, a Campanha Nacional Unificada 2015 tem também como prioridade o combate à terceirização, com a contratação dos prestadores de serviços pelas instituições financeiras.

O caso de Evair exemplifica o quão importante é essa luta. Tendo passado por bancos como Nacional, Bradesco e o próprio Santander, agora é terceirizado. “Recebo o equivalente ao que ganhava há cinco anos, quando fui dispensado pelo banco. Cada empresa que me contratava nesse período me impunha uma diminuição no salário e até perda de outras coisas como o vale-alimentação. Hoje recebo apenas o vale-refeição que é de R$ 20, mas tenho de contribuir com R$ 4. Ou seja, na prática esse vale é de apenas R$ 16”, destaca.

“E fica cada vez mais difícil ser contratado por um banco. Antigamente existiam muitas opções, hoje são apenas três ou quadro de grande porte. Acho que essa greve é importante e tem de continuar, pois os bancos exploram demais as pessoas”, acrescenta.

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Jair Rosa – 6/10/2015
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