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População de Osasco defende greve

Linha fina
Mesmo com diversas agências paralisadas, movimento reivindicatório dos bancários recebe apoio de clientes e usuários no dia em que grande parte recebe o salário
Imagem Destaque
São Paulo – Primeira data útil depois do dia 10, quando a maioria dos trabalhadores recebe o salário. Esta terça-feira 13 reunia todas as condições para que clientes e usuários de bancos se posicionassem contra a greve dos bancários.  Mas não foi o que se verificou em Osasco, onde dezenas de agências foram fechadas neste oitavo dia de paralisação da categoria.

Oitavo dia paralisa 851 agências
Fotos: galeria com imagens da Osasco

Uma parcela considerável da população demonstrou apoio e compreensão ao movimento. É o caso do biomédico e cliente da Caixa Sulmeno Silva, que tinha ido à agência sacar R$ 3,5 mil. Mas a paralisação impossibilitou a operação.

“Apoio mesmo me atrapalhando. Sou sempre a favor da greve, porque é o caminho para alcançar dignidade e aquilo que é de direito. Vou dar meu jeito, sacar R$ 1,5 mil hoje, R$ 1,5 mil amanhã, outros mil depois de amanhã e está tudo certo.”

Os bancários reivindicam um aumento de 16,5%, mas a Fenaban ofereceu índice de 5,5%, o que iria impor perdas de 4% nos salários, PLR e vales, ante uma inflação de 9,88% ao ano. Por outro lado, recentemente foi noticiado que os altos executivos de banco irão receber reajuste de 81% em média; mesmo com os salários de quem ocupa esses cargos já girando em torno dos R$ 420 mil mensais, valor 233 vezes maior do que o piso da categoria bancária (R$ 1.796,45).

“Com certeza apoio a greve. O salário dos funcionários é muito baixo perto dos lucros dos bancos. As condições de trabalho também são muito difíceis”, apontou o advogado e cliente do Bradesco Ricardo Toconduva. “O capital explora o assalariado, e os bancos fazem isso de forma acentuada também sobre o setor produtivo, cobrando juros altos”, acrescentou.  

O caldeireiro e cliente do Bradesco Sílvio Alonge foi mais direto. “As pessoas têm que brigar para conseguir alguma coisa. Quem não reclama fica com fome.”

Desaforos – Entre os bancários, a revolta se intensifica contra a intransigência da Fenaban em conceder um reajuste maior e a investida dos bancos na tentativa de enfraquecer a greve por meio de contingenciamentos.  

“Greve é um direito, a reivindicação é justa e a sociedade tem que colaborar e entender que essa situação é culpa dos bancos, que lucram muito e oferecem um aumento que sequer cobre a inflação”, afirmou um bancário do Itaú.

Nos primeiros seis meses de 2015, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander – os cinco maiores bancos que atuam no país –, lucraram R$ 36,3 bilhões, resultado 27,3% maior do que no mesmo período do ano anterior.

“Oferecem um aumento abaixo da inflação e um abono sem vergonha para ver se calam a nossa boca. É uma vergonha virem com uma proposta dessa, quando os bancos lucram tanto em cima do nosso trabalho. Têm que ter um mínimo de respeito”, criticou um bancário do Bradesco.

“Querem dar um aumento de mais de 80% para a diretoria e de 5,5% para a gente. É muito desaforo”, reclamou uma funcionária do Santander.

“A greve é em prol de todos os trabalhadores que têm menos poder dentro dos bancos. Os gestores deveriam entender isso e deixar a gente aderir ao movimento, ao invés de continuar cobrando metas mesmo com as agências paralisadas”, afirmou um bancário do Bradesco. “Assim não vamos chegar a lugar nenhum. Temos de nos unir para os bancos aceitarem negociar e essa greve acabar rápido”, concluiu.


Redação – 13/10/2015
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