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São Paulo – “Soubemos que o alto escalão do banco fez uma festa para celebrar o lucro líquido de mais de R$ 8 bilhões no primeiro semestre deste ano. Nós, que ralamos o tempo todo, não fomos convidados para essa festa. E depois ainda têm a coragem de apresentar uma proposta vergonhosa como essa. Estamos em greve e assim vamos continuar até vir algo digno.” O recado é de uma funcionária do Serviço de Apoio ao Cliente (SAC), durante ato em frente ao Complexo Verbo Divino na zona sul da capital, na manhã desta quinta-feira 15, décimo dia de greve nacional da categoria.
> 10º dia de greve em agências e concentrações
O SAC e a Central de Atendimento do Banco do Brasil (CABB), entre outros segmentos estratégicos da instituição financeira, estão com os serviços paralisados desde o primeiro dia de greve, em 6 de outubro. Abordando alguns atendentes e chefias é fácil compreender os motivos de tanta disposição de luta, que é tanto por aumento real quanto por melhorias nas condições de trabalho.
“Nem é possível dizer que isso (5,5% de reajuste) pode ser chamado de proposta. Tem de melhorar e muito para ser aceitável. Mas, aqui no SAC, também temos questões específicas que o BB tem de resolver. Não é possível trabalhar com tão pouca gente para lidar com o número excessivo de chamadas. Tenho colegas que até desistiram da comissão, indo para outro serviço, por não suportar a pressão de alguns clientes que chegam a nos xingar”, destaca um funcionário. “Outra coisa é estrutura do prédio. Muitas pessoas se afastam por sinusite, rinite, dor de garganta, simplesmente por não darem manutenção adequada ao ar-condicionado. A situação é tão absurda que tem um normativo do banco que determinar qual a temperatura deve ter os ambientes dos departamentos. Como se tudo fosse igual.”
Outro trabalhador reclama do excesso de metas. O departamento em que trabalha responde pelas demandas de cliente relacionadas a cartão de crédito, contratos e outros serviços. “O problema é que há casos em que perdemos tempo enorme para resolver pois, muitas vezes, dependemos de relatórios de outros setores para concluir análises, o que pode demorar dias. Mesmo assim, não há diminuição na meta diária. Muita gente entrou na greve para que essa política mude e tenhamos condições de fazer o serviço com mais qualidade.”
Um gestor da CABB relata que muitas questões que vêm à tona hoje são reflexo de gestões anteriores da instituição financeira. Ele destaca que o problema de déficit da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do BB) decorre de políticas equivocadas da empresa. “O banco é responsável pela situação atual da Cassi. Durante oito anos, no governo Fernando Henrique Cardoso, tivemos reajuste zero ou bem perto disso e vinha um abono como uma espécie de ‘cala a boca’. Como contribuímos com percentual do salário com a caixa de assistência, é óbvio que haveria queda nos recursos, como ocorreu”, afirma o bancário. “Logo, as pessoas têm de ficar atentas para que essa lógica de substituir reajuste por abono não volte, pois não é apenas no salário que teremos perda, mas também em outros segmentos como a assistência à saúde. Além disso, se tem um setor na economia que tem dinheiro é o bancário.”
Jair Rosa – 15/10/2015
> 10º dia de greve em agências e concentrações
O SAC e a Central de Atendimento do Banco do Brasil (CABB), entre outros segmentos estratégicos da instituição financeira, estão com os serviços paralisados desde o primeiro dia de greve, em 6 de outubro. Abordando alguns atendentes e chefias é fácil compreender os motivos de tanta disposição de luta, que é tanto por aumento real quanto por melhorias nas condições de trabalho.
“Nem é possível dizer que isso (5,5% de reajuste) pode ser chamado de proposta. Tem de melhorar e muito para ser aceitável. Mas, aqui no SAC, também temos questões específicas que o BB tem de resolver. Não é possível trabalhar com tão pouca gente para lidar com o número excessivo de chamadas. Tenho colegas que até desistiram da comissão, indo para outro serviço, por não suportar a pressão de alguns clientes que chegam a nos xingar”, destaca um funcionário. “Outra coisa é estrutura do prédio. Muitas pessoas se afastam por sinusite, rinite, dor de garganta, simplesmente por não darem manutenção adequada ao ar-condicionado. A situação é tão absurda que tem um normativo do banco que determinar qual a temperatura deve ter os ambientes dos departamentos. Como se tudo fosse igual.”
Outro trabalhador reclama do excesso de metas. O departamento em que trabalha responde pelas demandas de cliente relacionadas a cartão de crédito, contratos e outros serviços. “O problema é que há casos em que perdemos tempo enorme para resolver pois, muitas vezes, dependemos de relatórios de outros setores para concluir análises, o que pode demorar dias. Mesmo assim, não há diminuição na meta diária. Muita gente entrou na greve para que essa política mude e tenhamos condições de fazer o serviço com mais qualidade.”
Um gestor da CABB relata que muitas questões que vêm à tona hoje são reflexo de gestões anteriores da instituição financeira. Ele destaca que o problema de déficit da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do BB) decorre de políticas equivocadas da empresa. “O banco é responsável pela situação atual da Cassi. Durante oito anos, no governo Fernando Henrique Cardoso, tivemos reajuste zero ou bem perto disso e vinha um abono como uma espécie de ‘cala a boca’. Como contribuímos com percentual do salário com a caixa de assistência, é óbvio que haveria queda nos recursos, como ocorreu”, afirma o bancário. “Logo, as pessoas têm de ficar atentas para que essa lógica de substituir reajuste por abono não volte, pois não é apenas no salário que teremos perda, mas também em outros segmentos como a assistência à saúde. Além disso, se tem um setor na economia que tem dinheiro é o bancário.”
Jair Rosa – 15/10/2015