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Ocupar escolas e resistir está dando resultado

Linha fina
Dezenas de unidades em todo o estado estão ocupadas por estudantes, o que está obrigando o governo a recuar na sua “reorganização” que pretendia fechar mais de 90 unidades
Imagem Destaque

São Paulo - Já são 41 as escolas estaduais ocupadas por estudantes e a luta de alunos, pais e professores contra a “reorganização” anunciada pela gestão Geraldo Alckmin – que pretendia fechar mais de 90 unidades –, está dando resultado.

Após mobilização da comunidade, o governo do estado voltou atrás no fechamento de ao menos cinco escolas no interior e na capital.  Em Santos, outra vitória: a Defensoria Pública e a seção local da Ordem dos Advogados do Brasil obtiveram junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo liminar para que não seja fechada a EE Braz Cubas. A liminar havia sido negada em primeira instância, mas as entidades recorreram.

“Em um momento em que nós estamos tendo um retrocesso gigante da sociedade brasileira com machismo, homofobia, racismo, a atitude desses estudantes é louvável. Eles não estão sendo intimidados, eles acreditam que isso é direito deles, eles estão defendendo esse direito mesmo sob pressão, mesmo sob ameaça”, afirmou a professora Natalina Lourenço à TV dos Bancários em frente à ocupação da EE Fernão Dias Pais, em Pinheiros, na quinta 12.

> Vídeo: Em defesa da escola pública, jovens dão aula de cidadania 

O governo alega que o fechamento visa adequar o tamanho da rede física ao número de alunos, que vem caindo ao longo dos anos. Entretanto, segundo publicou o jornal o Estado de S. Paulo, ao menos 793 escolas em todo o estado ensinam com salas superlotadas.

> Reorganização de Alckmin tem base inapropriada   

Além disso, 31 unidades que o governo quer fechar têm o Índice de Educação Básica (Ideb) acima da meta projetada pelo Ministério da Educação, segundo levantamento feito pelo G1, o que representa 33% do total de escolas.

Para Ocimar Alvareses, professor da Faculdade de Educação da USP, esses dados dão força ao argumento de que a intenção do governo não é melhorar a educação, e sim cortar custos.

“A reorganização está sendo feita sem nenhum tipo de discussão. Ou é uma medida muito primária, de quem não tem o menor conhecimento em gestão pública, ou por trás há outros interesses que não podem ser anunciados. Mas o quadro mudou quando a juventude entrou em cena com as ocupações, colocando o governo em uma situação muito difícil. O que ele vai fazer? Vai chamar a polícia para bater em estudante?”

Nota - Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que "o projeto de reorganização é embasado em estudos educacionais e tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino" já que, segundo ela, "escolas de ciclo único têm resultado 10% superior às unidades de três segmentos".

A secretaria diz, ainda, que atualmente há 2 milhões a menos de estudantes em comparação a 1998 e que o plano objetiva oferecer uma educação focada na idade do aluno, respeitando módulo de estudantes por sala: 30 para o ciclo I do Fundamental, 35 para o Ciclo 2 e 40 para o Ensino Médio, além de limite de 1,5 quilômetro na redistribuição.

Sobre as ocupações, informa reconhecer o direito à manifestação, estar disposta a dialogar e acusa as lideranças do movimento de desconhecimento do processo. Diz, ainda, que todo o conteúdo pedagógico perdido será reposto.


Rodolfo Wrolli - 16/11/2015
(Atualizado às 13h41 de 17/11/2015)

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