São Paulo – Os estudantes de São Paulo exigem que o governador Geraçdo Alckmin venha a público explicar como será a suspensão do projeto de reorganização e como serão conduzidas as reuniões com as escolas, anunciadas por ele na sexta-feira 4. Até lá, os secundaristas prometem seguir mobilizados, nas instituições de ensino ou em protestos de rua.
“Nós queremos saber como será essa suspensão. O governador disse que vai ouvir a sociedade, mas que garantia temos que nossas reivindicações serão acatadas? Que garantia temos que no final do ano que vem ele não chegará com o mesmo projeto?”, disse o estudante Samuel Marques, da escola Pereira Barreto, na zona sul de São Paulo. “Nesta semana vamos continuar os protestos em busca de um pronunciamento público do governador sobre quais serão as medidas que envolvem a suspensão da reorganização.”
O próximo ato dos estudantes está marcado para quarta-feira 9, às 17h, no vão Livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Na sexta-feira 11, será a próxima reunião do comando das escolas ocupadas, na escola Antônio Manoel Alves de Lima, na zona sul, quando devem ser definidos os próximos passos do movimento.
O total de escolas ocupadas chega a 189, sendo 76 na capital, segundo levantamento de segunda-feira 7 do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Já a Secretaria Estadual da Educação informa que os estudantes desocuparam 53 escolas, mas mantiveram a ocupação em 145 unidades. Ainda segundo a secretaria, as duas diretorias estaduais de ensino, nas cidades de Sorocaba e Santo André, também foram devolvidas pelos alunos.
A última reunião do comando das escolas ocupadas, realizada na segunda-feira 7, em Diadema, reuniu representantes de pelo menos 100 ocupações. Os alunos anunciaram que continuarão na luta contra a reorganização, “seja ocupando as escolas ou as ruas”, segundo nota publicada pelo movimento em sua página, no Facebook.
“Exigimos que o projeto da reorganização escolar seja permanentemente cancelado, e que o governador Geraldo Alckmin faça um pronunciamento claro e concreto através de uma audiência pública amplamente convocada”, continua o texto. “Exigimos punição aos policiais que agrediram ou ameaçaram os estudantes e o fim de todos os processos contra alunos, funcionários, professores ou apoiadores e que não sejam perseguidos ou criminalizados pela direção ou qualquer meio de repressão.”
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Luta – O Decreto 61.692, publicado sábado 5 no Diário Oficial do Estado de São Paulo, revoga a medida publicada no dia 30, pelo Decreto 61.672, que abria caminho para a “reorganização” escolar. Após 25 dias de luta dos estudantes, Alckmin veio a público na sexta-feira e disse que o que seria implantando em 2016 será debatido “escola por escola”. O secretário estadual de Educação, Herman Voorvald, pediu demissão da pasta no mesmo dia. A decisão foi comemorada pelos estudantes, professores e comunidade como a vitória parcial.
O governador afirmou na segunda-feira 7 que não vê razão para que as escolas estaduais continuem ocupadas pelos estudantes. “Não há razão nenhuma para ter escola hoje invadida. Se a causa era essa, agora é retomarmos as aulas para poder, o mais rápido possível, concluir o ano letivo. Esse é o objetivo”, disse Alckmin, em entrevista coletiva para anúncio da criação de um plano de combate à dengue, febre chikungunya e vírus Zika. “Nós vamos adiar (o projeto de reorganização) e vamos fazer esse diálogo, especialmente com os alunos, os pais dos alunos e o corpo docente.”
A "reorganização" escolar, elaborada sem diálogo prévio com a comunidade escolar, previa o fechamento de pelo menos 93 escolas e a transferência de 311 mil estudantes. À revelia do clamor social e de críticas das principais universidades do país, o governador decretou no dia 30 a transferência de professores para a implementação da reorganização e começou uma onda de ataques violentos aos estudantes, com a Força Tática da Polícia Militar.
Rede Brasil Atual e Agência Brasil, com edição da Redação – 8/12/2015