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Lucro do Santander cresce 13% em 2015

Linha fina
Unidade brasileira do banco espanhol alcançou R$ 6,6 bi no ano passado, representando 19% do lucro líquido mundial; apesar de ter contratado, instituição ganha com rotatividade, tarifas e crédito caro
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São Paulo – O Santander Brasil registrou crescimento de 13,2% no lucro líquido de 2015 na comparação com o ano anterior, atingindo a soma de R$ 6,624 bilhões. A unidade brasileira do banco espanhol foi responsável por 19% do resultado do Grupo Santander no mundo, ficando atrás apenas do Reino Unido, com 23% de participação. A Espanha, onde fica a matriz da instituição, respondeu por 12% do lucro global.

Mesmo com o resultado expressivo, o banco abriu apenas 715 novos postos de trabalho no país. O número de funcionários passou de 49.309 em dezembro de 2014 para 50.024 em dezembro de 2015. Nos últimos três meses do ano, no entanto, a instituição eliminou 495 vagas.

“O pequeno aumento do número de postos de trabalho não deve ser comemorado”, afirma Maria Rosani, diretora executiva do Sindicato e bancária do Santander. Os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, revelam que em dezembro os bancários demitidos tinham remuneração média de R$ 6.308,10, enquanto que o salário médio dos contratados foi de R$ 3.550,19, ou seja, 56% da remuneração média dos desligados.

“Esses dados evidenciam que os bancos usam a rotatividade para lucrar ainda mais, não só contratando funcionários com salários mais baixos, mas também economizando no pagamento de bônus aos que são demitidos quase no final do ano”, ressalta Rosani.

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias somaram R$ 11,867 bilhões em 2015, alta de 7,3% em doze meses (ou R$ 810 milhões), impulsionada, principalmente, pelas linhas de Seguros e Serviços de Conta Corrente. Somente com essa receita o banco cobre 146% do total de suas despesas de pessoal.

Crédito escasso e caro – A rentabilidade sobre o patrimônio líquido atingiu 12,8% em 2015, aumento de 1,3 ponto percentual em doze meses.

A carteira de crédito ampliada somou R$ 330,946 bilhões em 2015, crescimento de 6,6% em doze meses e redução de 0,3% no trimestre. Desconsiderando o efeito da variação cambial, essa carteira apresentaria crescimento de 2% em doze meses e redução de 0,1% no trimestre.

O crédito à pessoa física totalizou R$ 84,805 bilhões ao final de 2015, registrando alta de 8,3% (ou R$ 6,501 bilhões) em doze meses, impulsionado por crédito imobiliário e consignado. A carteira de financiamento ao consumo totalizou R$ 33,931 bilhões em 2015, com redução de 7,7% em doze meses.

A carteira de pequenas e médias empresas totalizou R$ 31,572 bilhões ao final de 2015, com redução de 0,5% em doze meses.

A carteira de crédito de grandes empresas somou R$ 110,680 bilhões, com crescimento de 12,1% em doze meses.

“O banco não contribui com o desenvolvimento do país, porque além de promover uma rotatividade alta no setor financeiro, como comprovam os dados do Caged, o crédito é quase que exclusivamente direcionado às grandes empresas”, critica Maria Rosani. “As pessoas físicas, por outro lado, só conseguem empréstimo em algumas modalidades como crédito imobiliário e consignado”, acrescenta.

Inadimplência menor, mas PDD maior – O índice de inadimplência, superior a 90 dias, atingiu 3,2% do total da carteira de crédito, estável no trimestre e com melhora de 0,1 ponto percentual em doze meses. A inadimplência de pessoa física apresentou redução de 0,1 ponto percentual em doze meses e alta de 0,1 ponto percentual no trimestre, alcançando 4,7%. No segmento de pessoa jurídica, a inadimplência mostrou-se estável em doze meses e registrou melhora de 0,1 ponto percentual no trimestre, alcançando 2,1%.

“O balanço comprova que a inadimplência está caindo. E sem nenhuma justificativa, portanto, o banco aumentou a provisão para devedores duvidosos em 24,5%, totalizando R$ 14,8 bilhões, o que impacta na distribuição de lucros para os trabalhadores”, denuncia Maria Rosani.

A dirigente reforça o fato de que a filial brasileira do Santander responde por quase um quinto do resultado mundial do banco.  “Em respeito, o banco deve contratar mais para reduzir a pressão nas agências e prestar atendimento melhor aos clientes, que também merecem a concessão de crédito mais acessível, já que a inadimplência vem diminuindo”, afirma Maria Rosani.


Redação – 27/1/2016
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